tag:blogger.com,1999:blog-92023721001034324872024-02-08T12:26:35.886-08:00Educação para a Sexualidade na EscolaESTE BLOG TEM COMO OBJETIVO DISPONIBILIZAR INFORMAÇÕES, TEXTOS ACADÊMICOS E DEBATES VEICULADOS NA DISCIPLINA EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA, MINISTRADA PELA PROFESSORA JANE FELIPE NA FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UFRGS.
FOI CRIADO EM 2006 E ESTÁ SENDO REATIVADO EM 2012.Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-9202372100103432487.post-65058260233892607092012-04-06T10:46:00.004-07:002012-04-06T10:46:30.951-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Saindo do armário e entrando emcena:
juventudes, sexualidades e vulnerabilidade social</span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Resumo:</span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Este
trabalho problematiza as experimentações da sexualidade entre jovens que
aderiram a uma ação de saúde no campo das Doenças Sexualmente
Transmissíveis/AIDS, coordenada por uma organização não-governamental atuante
na defesa dos direitos humanos e da livre expressão das sexualidades. Tal ação,
além de seu caráter de enfrentamento da epidemia, permitiu analisar os modos
como os jovens vêm se relacionando com as experimentações da sexualidade em
face da homofobia na sociedade brasileira. O estudo é orientado metodologicamente
pela perspectiva da pesquisa-intervenção e os seus resultados apontam para
alguns limites e possibilidades de intervenção junto ao público juvenil no que
se refere ao acesso e produção da cultura da diversidade sexual e para a
consolidação dos direitos humanos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Palavras-chave: </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">sexualidades;
DST/AIDS; juventudes; homofobia; pesquisa-intervenção.<o:p></o:p></span></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estudos Feministas, Florianópolis,
15(1): 45-66, janeiro-abril/2007</span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Veja o texto completo no Portal
Feminista:</span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://portalfeminista.org.br/artigo.phtml?obj_id=2729&ctx_cod=5.1">http://portalfeminista.org.br/artigo.phtml?obj_id=2729&ctx_cod=5.1</a><o:p></o:p></span></div>Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9202372100103432487.post-53463592153092949692012-04-06T10:46:00.002-07:002012-04-06T10:46:24.737-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Resumo – Pornografar, verbo transitivo
indireto</span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />
Luiz Felipe Zago<br />
<br />
O uso da internet no Brasil está bem mais difundido que alguns anos atrás. Para
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftn1" title="">[1]</a>,
o número de domicílios com computador ligados à internet nas grandes regiões
metropolitanas foi mais de 7 milhões e 200 mil só no ano de 2005. Segundo
pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE)
divulgada em março de 2007<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftn2" title="">[2]</a>,
o Brasil conta com 27,5 milhões de pessoas conectados à rede em suas casas,
enquanto o número de usuários da web em qualquer ambiente - casa, trabalho,
escolas, universidades - passa de 33,15 milhões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por sua vez, a pornografia movimenta um volume
considerável de dinheiro e trocas simbólicas, culturais, através de suas
representações virtuais. Segundo a Corporação da Internet para Nomes e Números
Designados (Icann, dos Estados Unidos), as palavras “sex” e “pornography” estão
entre as cinco palavras mais procuradas em sites de busca como Google e Yahoo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estudam-se aqui os perfis online dos usuários do
site de relacionamento disponivel.com (<a href="http://www.disponivel.com/">http://www.disponivel.com/</a>),
mais especificamente dos 20 perfis mais acessados mensalmente<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftn3" title="">[3]</a>.
São esses “20 mais visitados” que compõem o objeto desta análise e pretende-se
investigar as funções que a pornografia exerce na narrativa desses 20 perfis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para partir a uma analítica da dinâmica
pornográfica, antes de tudo é preciso tentar definir o que é pornografia. É
comum ler nos dicionários que pornografia é a expressão ou sugestão de assuntos
obscenos, capazes de motivar, estimular ou explorar o lado sexual do um
sujeito. Para este trabalho, toma-se o significado de pornografia como
expressão e publicação de performances (atos e comportamentos) que buscam
representar e estimular o prazer e desejo sexuais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A pornografia, entendida aqui como publicação de
práticas sexuais e corporais com o objetivo de estimular o prazer naquele que
vê/assiste/observa, coloca-se intimamente dependente da ética sexual na qual
ela está inserida. A própria existência da pornografia, seu significado e os
modos de representação daquilo que se chama de pornográfico dependem de uma
ética sexual que oferece os limites/horizontes dentro dos quais a pornografia
será expressa e reconhecida como tal. A pornografia seria, portanto, uma
manifestação que acharia na ética sexual seus horizontes de existência,
problematizando seus limites em dados momentos (a pornografia limítrofe),
reiterando-os em outros (a pornografia normalizante). A pornografia
normalizante, aquela que subscreve o imperativo da ética sexual atual, é
representada em perfis em que o usuário publica fotografias e vídeos que
mostram a ejaculação como o objetivo da prática: a masturbação individual ou em
grupo, práticas corpóreo-sexuais com mais um sujeito ou vários, todas pode ser
entendidas como parte de uma pornografia normalizante na medida em que a ejaculação
é o fim perseguido, se vê ali publicado e é entendido como ápice da performance
e assinatura simbólica do prazer absoluto. No caso do site disponível.com, as
práticas sado-masoquistas seriam uma das formas de resistência ou de tensão dos
limites da ética sexual contemporânea: a pornografia limítrofe. Essas práticas
têm como objetivo colocar o corpo no centro de um processo de construção de
prazer cujos meios não estão ligados a partes corporais específicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A idéia de Georg Hegel de que a estética estaria
ligada à maneira pela qual percebemos representação da verdade na obra de arte
pode ser utilizada para se pensar o corpo como obra de arte e o corpo como
representação de uma verdade dos sujeitos. Assim, a estética é aqui usada como
uma observação relacional entre o que está dado (o corpo) e quem o observa,
algo de intermediário entre esses dois elementos e que modela aquilo que está
dado com o propósito de prender os sentidos do observador. Dada a centralidade
da estética corporal nas representações de corpo no site disponível.com,
percebe-se que os usuários cujos perfis são os mais visitados constroem uma
identidade online baseada na genitalização: é a genitalização das identidades.
Os internautas são reconhecidos especificamente pelas características de seus
órgãos genitais, ali representados através de fotos, vídeos e descrições
textuais. Exatamente por isso, a estética do corpo nos 20 perfis mais acessados
do disponível.com está calcada na decupagem dos corpos. Do francês decuper, que
significa “cortar fora” ou “recortar”, a expressão decupagem dos corpos remete
à idéia de que os corpos ali representados estão “recortados”: partes
específicas do corpo dos usuários são publicadas através das fotografias, dos
vídeos e dos textos ali colocados. O corpo representado no perfil nunca é o
corpo integral; ele é sempre recortado em uma parte específica cujo objetivo
último é subscrever a masculinidade viril do sujeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A sexualidade é entendida como algo a ser
aprendido, a ser ensinado e, portanto, a ser construído. O caráter pedagógico
da sexualidade encontra guarida também na pornografia, pois as representações
pornográficas são uma forma de obscenidade da sexualidade. O obsceno aqui é
entendido como aquilo que se mostra, que se põe em cena, aquilo que se apresenta
quando deveria estar escondido. Se a pornografia é obscena, ou seja, revela
algo que deveria estar escondido, é através do pornográfico que são publicadas
as práticas, os movimentos, as posições, as funções, os olhares, os corpos, a
ética, as maneiras pelas quais devemos responder às interpelações sexuais. A
pornografia é a representação escancarada das práticas corpóreo-sexuais; essa
representação pode ser assumir uma função pedagógica na construção das
sexualidades. As fotografias e os vídeos publicados no site disponível.com
pelos seus usuários são da ordem do comum, do amador, do “dia-a-dia”, feitos
por sujeitos que não dominam as técnicas de como tirar a melhor foto ou de como
achar o melhor ângulo para um plano. Portanto, ao analisar a pornografia no
ambiente virtual do site, há de se entender essa dupla “popularização”, tantos
das máquinas quanto das técnicas, e é possível dizer que esses movimentos
caracterizam uma pornografilização do cotidiano. O registro de uma prática
corpóreo-sexual, sua publicação e sua apreciação compõem o processo de
pornografilização do cotidiano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftnref1" title="">[1]</a> O
IBGE incluiu Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) o tópico “acesso
à internet” a partir do ano de 2005. Ver
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/acessoainternet/internet.pdf<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftnref2" title="">[2]</a> Ver
http://www.ibope.com.br<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftnref3" title="">[3]</a> O
ranking de perfis mais acessados é fornecido automaticamente pelo próprio
servidor do site. A contagem é feita e registrada por esse mesmo servidor, que
contabiliza as visitas aos perfis e atualiza o número a cada 24 horas.<o:p></o:p></span></div>Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9202372100103432487.post-35016160479980349122012-04-06T10:45:00.002-07:002012-04-06T10:47:35.682-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Elementos para pensarmos sobre
maternidades na contemporaneidade</span></b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Patrícia Abel Balestrin</span></i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span><br />
<i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(texto escrito em 2006 para discussão em aula sobre gênero e maternidade)</span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se folhearmos jornais e revistas da atualidade não
será difícil encontrarmos inúmeras representações de maternidade que, muitas
vezes, estão associadas ao chamado “instinto materno". Cuidar, dedicar-se
inteiramente a este cuidado, amar de forma incondicional são algumas das
características veiculadas na mídia e nos programas de saúde que posicionam o
ser mulher e o ser mãe, muitas vezes, como praticamente sinônimos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um exemplo disto pode ser percebido na matéria
publicada no jornal Zero Hora do dia 04/09/2006 sobre uma sessão de amamentação
coletiva que fez parte da programação prévia do Encontro Nacional de
Aleitamento Materno. Cito apenas uma parte da reportagem para impulsionar
nossas reflexões:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Convencida da importância da
amamentação, Débora mostrava orgulhosa a saúde da primeira filha. A mãe
resolveu se dedicar integralmente à tarefa de dar o peito durante o primeiro
ano de vida dela. Para isso, parou de trabalhar.<br />
- E o pai tem participação importante nesse processo. É ele quem ajuda a criar
o ambiente propício para a amamentação e também assume a responsabilidade em
sustentar a família enquanto eu estiver cuidando da Eduarda – afirmou [a mãe de
Eduarda].”</span></i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A matéria enfatizava o esforço das mães que mesmo
com o fortíssimo vento na capital, não deixaram de participar do evento. A mãe
de Eduarda parece orgulhosa com a decisão de ter largado tudo para se dedicar
aos cuidados da filha e de terem estabelecido em seu lar a conhecida ordem
divisória: de um lado, o pai provedor e, de outro, a mãe cuidadora. Se, de
certo modo, esta mãe parece realizada com tal escolha, imagino o que as outras
mães podem sentir e pensar ao ler uma matéria como esta? Sentir-se-iam culpadas
por não estarem se dedicando integralmente a este cuidado que deve ser
intensificado nos primeiros meses de vida? Ao pai parece ficar a parcela de
ajudar a mãe a ser mais mãe neste primeiro momento, estimulando-a naquilo que,
afinal, apenas ela pode fazer...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao que parece, este encontro discutiu intensamente
os benefícios da amamentação, mas será que se discutiram também os prejuízos
maternos? Ou será proibido falar em prejuízos neste tipo de campanhas? O que
vale aqui é a glorificação da maternidade em detrimento da visibilidade dos
aprisionamentos que também estão se produzindo em tais práticas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dagmar Meyer (2002) no texto intitulado <b><i>“As
mamas como constituintes da maternidade: uma história do passado?”</i></b> faz
uma análise cultural em que procura <i>“relacionar as condições de
emergência de políticas que definiam a maternidade em articulação com o
aleitamento materno nas sociedades ocidentais com a configuração atual dessa
política no Brasil”.</i> (p.379) A autora utiliza para análise <i>“aspectos/informações
extraídos, principalmente: da Lição 1 do Manual de Manejo e Promoção do
Aleitamento Materno (Manual de 1993)...; do site que o Ministério da Saúde
mantém para divulgar o Programa; de artigos de jornais do Rio Grande do Sul e,
ainda, de folhetos informativos produzidos na Semana Estadual do Aleitamento
Materno</i>.”(p.379-380)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dagmar Meyer, a partir de uma perspectiva
pós-estruturalista dos Estudos Feministas e Estudos Culturais, nos leva a
problematizar discursos que têm se produzido em torno da maternidade e da
amamentação desde o século XVIII, mostrando-nos que nem sempre esses discursos
convergem e convivem de forma harmônica, pelo contrário, produzem múltiplas e
conflitantes representações: <i>“todas as representações de mulher,
maternidade ou amamentação produzem sentidos que funcionam competindo entre si,
deslocando, acentuando ou suprimindo convergências, conflitos e divergências
entre diferentes discursos e identidades; mas são algumas delas que, dentro de
determinadas configurações de poder, acabam se revestindo de autoridade
científica e/ou se transformando em senso comum, a tal ponto que deixamos de
reconhecê-las como representações</i>.”(p.385)- ou seja, deixamos de
reconhecê-las como verdades que foram construídas e não naturalmente dadas e
acabam por se constituir em verdades inquestionáveis – <i>“É assim que uma
delas passa a funcionar, num determinado contexto sócio-histórico e cultural,
como sendo a melhor ou a verdadeira maternidade, aquela que se transforma em
referência das ações assistenciais e educativas em saúde e a partir da qual as
outras maternidades são classificadas e valoradas"</i>.(p.386)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Evidentemente é de se perguntar: se algo que é
tido como tão natural e instintivo precisaria sofrer tantos processos de
pedagogização e disciplinamento?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Fragmentos de uma pesquisa:<br />
Representações de sexualidade e maternidade num<br />
curso de formação de professoras</span></b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Na pesquisa que estou realizando que tem como
questão central “onde está a sexualidade num curso de formação de
professoras?”, já é possível identificar algumas representações de sexualidade
que talvez possamos associá-las à maternidade. Por ser um curso formado
basicamente por mulheres<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftn1" title="">[1]</a> existe
uma marca de gênero bastante significativa neste cenário escolar. Um curso de
mulher para mulher, uma profissão que segue ainda feminizada. Neste sentido, é
preciso considerar que homens e mulheres experimentam e vivenciam a sexualidade
de formas diferentes. Parece existir um jeito feminino e um jeito masculino de
lidar com o sexo e com a sexualidade já que, em nossa cultura, para cada sexo
(mulher/homem) uma identidade de gênero (feminilidade/masculinidade) e uma
identidade sexual “normal” lhe são compulsoriamente atribuídas. Existem normas
regendo tais comportamentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A norma que rege a vivência da sexualidade tanto
para homens como para mulheres é pautada na heteronormatividade. E quando o
sujeito “escapa” à norma, a tendência é culpabilizar ou a família ou a escola
por terem sido relapsas e/ou incompetentes em ensinar o jeito correto de se
relacionar afetivamente, ou seja, que a escolha do objeto de desejo deve ser em
direção a alguém do sexo oposto. Seria preciso tantos investimentos,
terapêuticas e delimitações acerca dos desvios da norma se, de fato, as
identidades sexuais fossem dadas naturalmente e se constituíssem de forma assim
tão definitiva num determinado período da vida?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No que se refere a este investimento
heteronormativo, a ordem para os meninos seria: a escolha do objeto de desejo
deve ser por uma menina e quanto mais cedo isto ficar evidente, melhor; mais
garantida estará a norma heterossexual e menos trabalho para as professoras,
pais e mães neste sentido. Em relação às meninas, a espera pelo desejo do sexo
oposto pode estar intimamente relacionada aos modos como desempenha sua
feminilidade e, ainda que muitas transformações estejam em movimento, parece
existir um desejo constante de se vincular determinados tipos de feminilidade a
maiores ou menores chances de conseguir um “bom parceiro”. Então se percebe que
os meninos/homens têm sido os maiores alvos de ações homofóbicas, enquanto que
as meninas/mulheres o sejam de ações sexistas – a elas cabe investir mais na
afirmação da identidade de gênero, enquanto que a eles, na afirmação da
identidade sexual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Existem inúmeros mecanismos que, de uma forma ou
de outra, dentro e fora da escola, “ensinam” modos de viver a sexualidade, os
prazeres, os desejos, as vontades, movimentando os processos de construção de
identidades sexuais. Guaciro Louro (2000) afirma que: <i>“Na escola, pela
afirmação ou pelo silenciamento, nos espaços reconhecidos e públicos ou nos
cantos escondidos e privados, é exercida uma pedagogia da sexualidade,
legitimando determinadas identidades e práticas sexuais, reprimindo e
marginalizando outras.”</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Num curso que é formado basicamente por mulheres,
talvez fique ainda mais evidente que a sexualidade não tem a mesma centralidade
na constituição das feminilidades como o tem para as masculinidades. Podemos
até supor que uma expressão máxima da sexualidade feminina ainda tem sido
atribuída ao exercício de uma espécie de maternidade. Parece existir uma
expectativa de que as mulheres, neste contexto escolar, manifestem seu “lado
maternal” de qualquer jeito e a qualquer custo, numa interpelação para que se
dediquem à profissão, ao curso, ao cuidado em geral como uma mãe deve
dedicar-se ao/à filho/a. O tão valorizado “instinto materno” deve manifestar-se
não apenas em direção aos/às próprios/as filhos/as, mas em direção às crianças
com quem trabalham, ou ainda entre as próprias colegas, e entre estudantes e
professoras/supervisoras. Acolher, auxiliar, cuidar daquelas que porventura
estejam, em determinado momento, mais fragilizadas são características que
passam a ser mais valorizadas e reconhecidas neste cenário “tipicamente”
feminino. Aquelas que não manifestam tais características parecem sofrer algum
tipo de rechaço por parte das outras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Percebemos que a profissão-professora ainda é
muito associada à profissão-mãe. Num curso que prepara mulheres para
trabalharem com crianças é preciso haver um investimento nesta capacidade
dessas futuras professoras de cuidar, nutrir, acolher. Não está em questão aqui
o quanto isto é bom ou ruim, se é produtivo ou não tais atributos nas práticas
educativas. Mas talvez seja interessante pensarmos como essas representações de
mãe e professora foram se associando uma à outra ao longo da história e
perdurando de determinadas formas e não de outras; quando torna-se possível e
desejável que tais representações sejam ressignificadas e de que modos? quando
entram em conflito com outras representações que parecem não ser tão bem-
vindas nos espaços escolares?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Referências:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">* LOURO, Guacira. (org.). Pedagogias da
Sexualidade In: LOURO, Guacira. O Corpo Educado – Pedagogias da sexualidade. 2ª
ed. Belo Horizonte: Autêntica, p. 7-34, 2000<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">* MEYER, Dagmar. As mamas como constituintes da
maternidade: uma história do passado? In: Mercado, Francisco; Gastaldo, Denise;
Calderón, Carlos. Paradigmas y diseños de la investigación cualitativa em
salud. Uma antologia iberoamericana. Guadalajara: Universidad de Guadalajara/
Universidad Autónoma de Nuevo León, 2002: 375-402<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">* Zero Hora, Porto Alegre, 04 de setembro de 2006,
p. 35<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftnref1" title="">[1]</a> Atualmente
apenas um rapaz realiza este curso, encontrando-se no primeiro semestre. Tanto
as turmas do segundo e terceiro semestres, como a equipe diretiva, as
professoras e supervisoras de estágio são todas mulheres.<o:p></o:p></span></div>Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9202372100103432487.post-596359716851833432012-04-06T10:44:00.002-07:002012-04-06T10:44:41.775-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Do amor (ou de como glamourizar a
vida): apontamentos em torno de uma educação para a sexualidade</span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Jane Felipe</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn1" title="">[1]</a><br />
</span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><b>
Resumo:</b></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Este artigo pretende discutir algumas representações de amor romântico e suas
interfaces na construção de gênero e da sexualidade, a partir da abordagem
teórica dos Estudos Feministas e dos Estudos Culturais, numa perspectiva
pós-estruturalista de análise. O modo como os sujeitos escolhem suas parcerias
afetivo-sexuais, as conjugalidades estabelecidas a partir de então, bem como os
comportamentos daí advindos – sentimentos de posse, ciúme, pactos de
fidelidade, juramentos de amor eterno, etc - merecem ser examinados com mais
atenção pelas feministas, uma vez que tais temas estão centralmente marcados
pelas relações de poder entre os sexos, envolvendo questões sociais, históricas
e culturais. O presente artigo objetiva ainda acionar algumas discussões
possíveis no campo da educação sexual na escola, uma vez que esta,
especialmente após o advento da AIDS, tem discutido a sexualidade, em geral
pelo viés do medo (da doença e da morte), veiculando, muitas vezes, um certo
pânico moral, em nome de uma política da prevenção. Considero importante que as
discussões sobre corpos, gêneros e sexualidades no campo da educação possam ir
além das preocupações mais imediatas das políticas de prevenção.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Palavras-chave: amor, gênero, sexualidade, educação sexual.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Representações de amor romântico: considerações iniciais</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
“Ah, minha bem amada,</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
quero fazer de um juramento uma canção</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Eu prometo, por toda a minha vida</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Ser somente teu</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
e amar-te como nunca</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
ninguém jamais amou, ninguém</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Ah, minha bem amada</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Estrela pura parecida</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Eu te amo e te proclamo o meu amor,</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
o meu amor</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Maior que tudo quanto existe,</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Ah, meu amor”.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Pactos, juramentos, ilusões de completude e eternidade têm permeado as
representações de amor romântico ao longo dos tempos. A música que introduz
esse artigo, intitulada Por toda a minha vida (exaltação ao amor), de Tom e
Vinícius, exalta, de forma contundente, o sentimento de amor como uma
experiência profunda e arrebatadora<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn2" title="">[2]</a>. No entanto, cabe lembrar que o tema do amor, da
paixão e as relações afetivo-sexuais daí advindas estão presentes não só nas
músicas - não importa o estilo ou a época - mas nos filmes, na literatura, na
poesia, nas novelas, na arte de um modo geral. Esse tema também está presente
nas rodas de conversas geralmente em forma de confissões pessoais ou através de
uma disposição sempre curiosa de saber sobre a vida amorosa-afetiva-sexual das
outras pessoas. Parece que estamos sempre em constante monitoramento, principalmente
nesses tempos de transitoriedade das relações. Desse modo, não há como negar o
quanto, ao mesmo tempo em que o amor pode ser considerado da ordem do privado,
ele também está na ordem do público. Trata-se, portanto, de um tema muito
presente nas nossas vidas, daí a importância de lançarmos um olhar mais atento
sobre as representações acionadas em torno dele.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
O conceito de representação do qual me valho está relacionado a um amplo
processo de produção de significados que são veiculados através de discursos
diversos. Como aponta Tomaz Tadeu da Silva (1999, p. 200), “os significados não
são criados e colocados em circulação de forma individual e desinteressada –
eles são produzidos e são postos em circulação através de relações sociais de
poder”. Dessa forma, representar implica em designar aquilo que conta como
realidade numa determinada cultura e num determinado tempo histórico,
produzindo assim conhecimentos e verdades em torno daquilo que se quer
representar.<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn3" title="">[3]</a></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Em relação ao amor e à paixão, quais as representações que têm sido
visibilizadas em torno desses sentimentos? Quais as perguntas instigantes que
podemos fazer em relação aos modos pelos quais temos administrado nossas
relações afetivo-sexuais? De que forma o amor se tornou um importante motor
para a glamourização de nossas vidas, ou seja, de que maneira ele se constituiu
num poderoso sentimento que dá brilho, graça, energia à nossa existência,
impulsionando-nos a dar o nosso melhor para o ser que amamos, fazendo com que
nos sintamos seres tão especiais por conta disso? Em que medida podemos pensar
que essas representações constituem a expectativa cultural dos relacionamentos
interpelando os sujeitos, independente de seus objetos amorosos e/ou sexuais?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Jurandir Freire Costa (1998, p. 12), comenta que vivemos em uma sociedade que
nos incita a pensar que “sem amor estamos amputados de nossa melhor parte. ...
Nada substitui a felicidade erótica; nada traz o alento do amor-paixão
romântico correspondido”.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Por outro lado, este autor chama atenção para o fato de termos, na
contemporaneidade, uma descomunal máquina de reparar amores infelizes. É cada
vez maior o número de “especialistas” nesse tema, advindos das mais diversas
áreas do conhecimento, tais como médicos, sexólogos, psicanalistas,
cognitivistas, behavioristas, religiosos, cartomantes, astrólogos, gurus e
muitos outros.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Temos também uma série de livros de auto-ajuda que intencionam fazer as pessoas
mais felizes em suas vidas amorosas, como aponta a pesquisa de Vera Lúcia Alves
(2005)<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn4" title="">[4]</a>. No entanto, é interessante observar o quanto o
gerenciamento da vida afetiva e suas inúmeras vivências estão pautadas por
relações de poder, alimentando assim desigualdades entre homens e mulheres. Por
outro lado, as experiências amorosas consideradas mais “verdadeiras” e
“legítimas”, por isso mesmo mais valorizadas socialmente, parecem só ter
sentido entre os sujeitos heterossexuais. Soma-se a isso a idéia corrente de
que a maior prova de amor que se pode dar a alguém é querer se casar, viver em
co-habitação com ela. Dessa forma, o casamento parece ser o coroamento do amor,
em detrimento de outras modalidades de relação<a href="" name="_ftnref5"></a><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn5" title="">[5]</a>.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
O amor é tido como algo sublime, “que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta”, como nos ensina o texto bíblico de I Coríntios 13, versículo 7. Tal
vinculação do amor-paixão-sacrifício está associada a idéia de que o amor
verdadeiro jamais acaba. No entanto, talvez possamos pensar que essa
representação tão idealizada do amor e por conseguinte das relações amorosas,
traz consigo uma dificuldade ou mesmo uma certa prepotência de nossa parte em
admitir a finitude das coisas, dos sentimentos, dos vínculos afetivos. De fato,
deve ser muito difícil admitir que não seremos tão interessantes assim e por
tanto tempo para alguém, da mesma forma que os outros também não o serão para
nós. Por que será que ainda operamos com essa idéia de perenidade e idealização
do amor?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Essas e outras questões podem ser muito produtivas no sentido de pensarmos
sobre o amor, a paixão e seus desdobramentos, a saber, os modos pelos quais
administramos os nossos prazeres e desejos, de que forma conduzimos nossas
vivências afetivo-sexuais. Tais discussões podem ser empreendidas no contexto escolar
e no âmbito da formação inicial e continuada de professores/as.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
E foram mais ou menos felizes... enquanto puderam!</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Há alguns anos desenvolvi uma pesquisa intitulada “E foram mais ou menos
felizes... enquanto puderam: problematizando as relações de gênero e
sexualidade nas escolas infantis” (FELIPE, 1998). Naquela época eu estava
interessada em saber quais eram as representações de masculinidades e
feminilidades contidas nos livros que tratam da sexualidade voltados para o
público infantil, bem como as concepções em torno das relações afetivo-sexuais
veiculados por esses artefatos culturais.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
É importante lembrar que a partir da década de 80 do século XX houve um aumento
considerável na produção de livros para esse público e um dos temas consagrados
foi justamente a sexualidade, uma vez que o mercado editorial começou a
perceber o quanto poderia ser rentável explicar às criancinhas os fatos da
vida. Desta forma, tais livros traziam explicações sobre os órgãos genitais,
concepção, nascimento, dentre outros assuntos. Alguns temas, porém, continuaram
intocáveis, como violência/abuso sexual, homossexualidade, bissexualidade,
masturbação. Analisando os livros foi possível perceber:</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
1) um forte apelo a um ideal de felicidade e completude na relação amorosa, com
a clássica fórmula que se aproximava muito dos contos de fadas: e foram felizes
para sempre (daí o título um tanto provocativo da minha pesquisa);</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
2) a concepção estava vinculada a um ideal de família – branca, de classe
média, cristã, heterossexual - e de amor romântico, em especial por parte das
mulheres (sempre apareciam corações ao lado delas e não deles, reforçando assim
aquele clima de romantismo, geralmente vinculado ao feminino);</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
3) As explicações sobre concepção e nascimento limitavam-se a uma descrição
fisiológica do corpo – suas transformações com a gravidez, por exemplo – sem
problematizar as relações afetivas e suas várias possibilidades.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Outro motivo que me leva a estudar o tema do amor romântico refere-se a uma
reflexão que tenho feito em relação à chamada educação sexual na escola. Nas
instituições educativas, quando esse tema é trabalhado, em geral a ênfase recai
no viés da doença, da morte, do medo e da moral (especialmente após o advento
da AIDS). Deborah Britzman (1999, p. 85;90), por exemplo, refere que muitas
vezes, as questões colocadas na escola sobre sexualidade ficam apenas no âmbito
do certo ou errado, moral ou imoral, sem que sejam colocadas e discutidas
profundamente. Ela afirma que</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
a cultura da escola faz com que respostas estáveis sejam esperadas e que o
ensino de fatos seja mais importante do que a compreensão de questões íntimas.
...Quando, digamos, a educação, a sociologia, a antropologia colocam sua mão na
sexualidade – a linguagem do sexo torna-se uma linguagem didática, explicativa
e, portanto, dessexuada.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Nos cursos de formação inicial ou continuada de docentes<a href="" name="_ftnref6"></a><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn6" title="">[6]</a>,
em palestras, seminários ou congressos, a expectativa dos/as professores/as e
alunos/as é aprender estratégias para “apagar os incêndios”, ou seja, as
perguntas sempre giram em torno do como proceder para resolver situações mais
imediatas: o que fazer quando o aluno se masturba? Como agir quando a criança
pergunta sobre sexo? Como trabalhar a questão da sexualidade com crianças
pequenas? Quais as estratégias para desenvolver esses temas em sala de aula, ou
seja, quais as dinâmicas que devem ser utilizadas? Quais os livros mais
recomendados para determinada faixa etária? Como administrar as resistências
que muitas famílias demonstram quando o tema da sexualidade é trabalhado na
escola?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Apesar de compreender as ansiedades contidas nessas perguntas que docentes e
estudantes formulam na tentativa de resolver as questões mais emergentes que
surgem no dia a dia da sala de aula, tenho procurado enfatizar a importância de
discutirmos temáticas em torno da sexualidade de forma mais ampla, aprofundada
e sistemática. Dessa forma, tenho proposto alguns temas que me parecem muito
ricos para entendermos o quanto os comportamentos, no âmbito das sexualidades e
das relações de gênero, são construídos histórica e socialmente, sendo a
cultura um fator crucial nessa construção.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Dentre os muitos temas possíveis, destaco a construção das identidades de
gênero, discutindo os modos pelos quais são acionadas as expectativas em torno
das masculinidades e feminilidades em determinadas culturas. Da mesma forma,
considero produtivo problematizar os investimentos feitos em torno das identidades
sexuais, em especial as inúmeras tentativas de reforçar a heteronormatividade e
os desdobramentos daí resultantes, tais como a homofobia, a misoginia ou mesmo
a heterofobia<a href="" name="_ftnref7"></a><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn7" title="">[7]</a>.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Um ponto interessante em toda essa dinâmica consiste em entender de que forma
os movimentos reivindicatórios feministas, bem como os movimentos de gays e
lésbicas foram se constituindo nas últimas décadas, e a importância dos Estudos
Queer e das políticas pós-identitárias nesse contexto. As produções de Joan
Scott (1995), Guacira Lopes Louro (1997; 1999; 2004), Judith Butler (2003) e
Déborah Britzman (1996; 1999), dentre outras estudiosas, são referenciais
importantes para se pensar essas questões a partir de uma ótica feminista.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Outro ponto importante refere-se à história do corpo e da sexualidade, como bem
demonstram as obras de Michel Foucault (1993), Thomas Laqueur (2001) e Jeffrey
Weeks (1999), e o quanto, na contemporaneidade, corpos e sexualidades vêm
passando por um amplo processo de espetacularização e performance, como referem
Edvaldo Couto (2005) e Denise Sant’Anna (1995; 2002).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Um tema que vem ganhando grande visibilidade nos últimos tempos, principalmente
após a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) diz respeito à
violência/abuso sexual nas suas mais variadas formas, tais como pedofilia,
prostituição, bem como formas mais difundidas socialmente de visibilidade dos
corpos infantis erotizados, aquilo que venho chamando de pedofilização como
prática social contemporânea (FELIPE, 2005, 2006). Além disso, discutir a
maternidade como aprisionamento (BURMAN, 1998), a paternidade e o aborto
tornam-se fundamentais nos tempos atuais, especialmente quando se examinam as
políticas públicas voltadas para as mulheres mães (MEYER, 2006, MEYER et alli,
2004).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Por último, dentro desse conjunto de temas, um dos mais instigantes tem sido a
história do amor romântico, que pode ser estudada e amplamente referida nos
escritos de Octavio Paz (1994), Jurandir Freire Costa (1998), Denis de
Rougemont (2003) e Mary Del Priore (2005)<a href="" name="_ftnref8"></a><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn8" title="">[8]</a>,
bem como seus desdobramentos, estreitamente imbricados com a história do
casamento, da conjugalidade e da família (MCFARLANE, 1990; BÉIJIN, 1985; ÀRIES,
1985).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Cabe ainda lembrar que nos Parâmetros Curriculares Nacionais a sexualidade é
considerada tema transversal, portanto, deve/pode ser discutida em todas as
disciplinas, exigindo assim uma formação continuada do corpo docente. Desse
modo, não só as disciplinas de ciências e biologia, mas outros campos do
conhecimento como geografia, história, matemática, física, química, literatura,
língua portuguesa, arte, religião, a partir de suas especificidades, poderiam
contribuir significativamente para uma educação sexual mais ampla, para além
dos limites restritos da prevenção. Como salienta Déborah Britzman (1999, p.
89)</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
O modelo de educação sexual que tenho em mente está mais próximo da experiência
da leitura de livros de ficção e poesia, de ver filmes e do envolvimento em
discussões surpreendentes e interessantes, pois quando nos envolvemos em
atividades que desafiam nossa imaginação, que nos propiciam questões para
refletir e que nos fazem chegar mais perto da indeterminação do eros e da
paixão, nós sempre temos algo mais a fazer, algo mais a pensar. Nesses diversos
textos, a preocupação não está em como estabilizar o conhecimento, mas em como
explorar suas fissuras, suas insuficiências, suas traições e mesmo suas
necessárias ilusões.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Convém lembrar que a problematização desses temas tem sido um desafio, pois
eles mexem com muitas representações, sentimentos e contradições fortemente
arraigadas nos discursos religiosos, científicos, jurídicos, pedagógicos,
midiáticos, bem como nos demais discursos cotidianos presentes no senso comum.
Minha proposta, então, é trabalhar no sentido de abalar um pouco algumas certezas
tão fortemente instaladas sobre algumas dessas questões em torno da sexualidade
e das relações de gênero.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Nos limites desse artigo, elegi o amor-paixão romântico como tema a ser
problematizado, tentando inicialmente caracterizar, ainda que provisoriamente,
aquilo que considero como sendo algumas de suas principais representações.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Seria possível desvincular amor de romantismo? Todo amor é necessariamente
romântico? O que queremos dizer quando afirmamos que o romantismo faz parte do
amor, ou ainda, que ele deve ser seu principal atributo? De que modo ele se
constitui nas nossas vidas? De que forma lhe atribuímos sentido?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
“De que é feito o amor?”</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
A música Dois corações, de André Sperling e Ronaldo Bastos, interpretada por
Nana Caymmi, começa justamente com essa pergunta: de que é feito o amor?
Obviamente os autores não conseguem responder do que exatamente o amor é feito
ou como ele surge, mas descrevem o desenrolar de um sentimento que parece dar
todo o sentido a nossa existência, apesar de alguns percalços. Exageros à
parte, recorro à etimologia dessas palavras que compõem o cenário amoroso, para
tentar compreender determinadas representações de amor/paixão que são
amplamente veiculadas ao longo do tempo.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Amor – Do Latim amõrem. Afeição, carinho, simpatia (século XIII). Amorável
(século XVII). Amoroso (século XIII). Desamor (século XIII). Amar – Do Latim
amare (século XIII). Amabilidade – do Latim amãbilitã-sãtis. (século XVIII).
Amado – do Latim amãtus (século XIII). Amador – do Latim amãtor-õris (século
XX). Amante – do Latim amãte (século XV). Amásia – do Latim amasia. (1813).
Amasiado. Amasiar (1844).<a href="" name="_ftnref9"></a><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn9" title="">[9]</a></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Paixão – latim passio (sofrimento) – tem origem no radical latino ´pat` – que
significa alterar-se emocionalmente, sofrer. O sentido de ´sofrimento` ganhou
maior evidência quando foi aplicado à paixão (sofrimento) de Cristo. Só mais
tarde (a partir do século XIII), a palavra foi utilizada combinada ao sentido
de ´amoroso` (ou a outros sentidos além de ´sofrer`), ou seja: sentimento ou
emoção levados a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à
razão. No latim, para designar-se algo equivalente (mas não idêntico) ao
sentido amoroso da paixão eram utilizadas outras palavras, como líbido
(volúpia) ou affectus (afeição). <a href="" name="_ftnref10"></a><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn10" title="">[10]</a></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Romance – do latim tardio romanice, romanicus, ‘de Roma’: língua vulgar,
derivada do latim, falada em certos países europeus após o declínio da
dominação de Roma; enredo de coisas falsas ou inacreditáveis; fato ou episódio
real, mas tão complicado que parece inacreditável; predomínio da imaginação
sobre a razão; romântico: se diz do sujeito sonhador, devaneador, fantasioso,
romanesco.<a href="" name="_ftnref11"></a><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftn11" title="">[11]</a></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Para muitos poetas, escritores, filósofos, pensadores, o amor é visto como um
sentimento natural, intrínseco à experiência humana, portanto, universal,
vivenciado potencialmente por todos os indivíduos, independente da época ou da
cultura na qual estejam inseridos. Também ele é visto como um sentimento
arrebatador, que dá sentido à própria existência, levando os sujeitos que o
experimentam a terem uma sensação de extrema felicidade, completude e êxtase.
Há, nessa perspectiva, uma idealização e super valorização não só do próprio
sentimento amoroso, mas também da pessoa que ama e do ser que é amado. No
entanto, tais representações não se constituem numa unanimidade, pois para
muitos, o amor é regido pela lógica da racionalidade. Jurandir Freire Costa
(1998, p. 170) lembra que</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
A imagem do amor transgressor e livre de amarras é mais uma peça do ideário
romântico destinada a ocultar a evidência de que os amantes, socialmente
falando, são, na maioria, sensatos, obedientes, conformistas e conservadores.
Sentimo-nos atraídos sexual e afetivamente por certas pessoas, mas raras vezes
essa atração contraria os gostos ou preconceitos de classe, “raça”, religião ou
posição econômico-social que limitam o rol dos que “merecem ser amados”. ...O
amor é seletivo como qualquer outra emoção presente em códigos de interação e
vinculação interpessoais.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Autores como Rougemont (2003), Bauman (1995) e Octavio Paz (1994) possuem uma
visão bastante crítica e menos idealizada do amor, ressaltando os aspectos
históricos, sociais e culturais de sua constituição. Rougemont, por exemplo,
fez severas críticas ao amor romântico na literatura ocidental, que exaltava a
idéia de sofrimento, infelicidade e morte. Tal concepção de amor, amplamente
veiculada na literatura, teve suas origens na religião (Deus como um ser
Supremo, inatingível, que deveria ser contemplado). Nessa perspectiva, o amor
se assemelharia ao sentimento religioso de amor a Deus, portanto, de certa
forma inacessível. Já para Octavio Paz (1994) o amor pode ser entendido como a
metáfora final da sexualidade, onde o sexo seria uma espécie de componente
biológico do amor, e o erotismo expressaria a dimensão humana da sexualidade,
mais ligado à imaginação, à fantasia. Por outro lado, autores como Bauman
(1995) pontuam a ambivalência do amor, colocando-o como incerto e inseguro.
Talvez seja interessante pensar o quanto as relações amorosas são instáveis, ao
contrário das inúmeras tentativas que fazemos de domá-las, confinando-as a um
ideal de estabilidade – tanto do sentimento amoroso quanto da relação que se
estabelece a partir daí.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Em quais circunstâncias podemos caracterizar o amor como romântico? Entendo que
tal sentimento pode ser nomeado dessa forma quando regido por uma idealização
que se estende aos seguintes aspectos: a idéia de intensidade (em si mesmo e no
outro, para quem o amor se destina) e de verdade, a concepção de completude, de
eternidade e de entrega.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Das intensidades que o amor aciona</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
A vivência amorosa é de tal ordem que o sujeito tem a pretensa ilusão de que
nunca ninguém foi ou será capaz de sentir o amor com tamanha intensidade, força
e dedicação. Nesse sentido, há aqui uma espécie de ilusão de exclusividade, na
medida em que o indivíduo que experimenta o amor/a paixão tem a sensação de que
só ele ama com tal profundidade, como se ninguém jamais tivesse desfrutado desse
sentimento (pelo menos daquela forma). Do ponto de vista de daquele que ama ou
que experimenta esse estado de paixão, trata-se de um amor verdadeiro e
inquestionável. Portanto, intensidade e verdade se fundem nessa perspectiva
idealizada de amor.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
A intensidade da experiência amorosa também se dá na direção do ser amado, como
se nunca ninguém o tivesse amado daquela forma. As expressões utilizadas para
designar tal experiência costumam ser bastante trágicas e contundentes: “eu não
existo sem você”, “você é meu mundo”, “minha razão de existir”, “nasci pra te
fazer feliz”, “nada nesse mundo levará você de mim” e assim por diante.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Por outro lado, ao mesmo tempo em que o amor é tido como uma experiência
mágica, especial, capaz de trazer um profundo bem-estar a quem o experimenta,
especialmente quando se é correspondido, ele carrega consigo, em alguma medida,
sentimentos de angústia, fragilidade e medo, com a possibilidade da perda do
amor (certa incapacidade de amar) ou do ser amado. Assim como não sabemos muito
bem de que forma ele se instala, também não sabemos de que forma esse
sentimento tão avassalador se esvai ou mesmo porque ele desaparece com o tempo,
embora muitas vezes a pessoa amada continue sendo especial, possuidora de
muitas qualidades. Há, portanto, uma insegurança intrínseca ao amor, pois da
mesma forma que não podemos dar explicações plausíveis para sua instalação em
nós, não sabemos muitas vezes justificar racionalmente porque ele simplesmente
desaparece depois de algum tempo. Por que amamos justamente determinada pessoa,
se há tantas outras “melhores”, mais interessantes, mais inteligentes, mais
bonitas, mais bem sucedidas, mais carinhosas, mais disponíveis afetivamente?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Podemos dizer ainda que os/as apaixonados/as, de certa forma, são seres narcísicos
para o bem da paixão, ou seja, durante esse estado inebriante de apaixonamento,
o outro parece não existir, na medida em que é apenas o objeto da paixão,
“coisa” destinada a dar suprimento à satisfação dos desejos do sujeito
apaixonado. Passado o estado da paixão, surge o outro, o diferente de mim, com
todas as suas fragilidades e imperfeições. O outro, que antes era objeto do meu
amor, passa a ser visto como desprovido de atrativos. Como aponta Solomon
(1991), o valor que atribuímos ao ser que amamos não está nele, objeto do nosso
amor, mas só se instala porque simplesmente amamos. Não se trata aqui de dizer
que os sujeitos apaixonados estão fora da realidade, mas que eles, no estado de
paixão, criam uma outra realidade.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Talvez a pergunta mais interessante para nossa reflexão não esteja pautada na
busca insana sobre as origens do amor ou da paixão, mas na problematização das
formas pelas quais amamos, ou ainda como administramos nossos desejos
afetivo-sexuais e quais as estratégias e pressões sociais que se estabelecem
para que transformemos nossos sentimentos em materialidade relacional, através
do casamento, da conjugalidade e de todos os outros compromissos daí advindos.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
“Cadê o amor, cadê?” A ilusão de completude</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Em nossa cultura existem vários ditos populares que enaltecem a idéia de
completude entre as pessoas que se amam, muitos deles provenientes de
concepções religiosas e sobrenaturais. Talvez a expressão mais conhecida entre
nós seja “almas gêmeas”, alimentada pela idéia de karma, reencarnação, destino
(“Meu amor, nosso amor estava escrito nas estrelas”, já dizia a música cantada
por Tetê Espínola). Outros ditos e ditados populares bem humorados, como por
exemplo, “tampa da panela”, “há sempre um chinelo velho para um pé descalço”,
“metade da laranja”, são bastante corriqueiros entre nós e expressam, de certa
forma, esse desejo de que alguém nos complete e nos transforme em seres
melhores, especiais, justamente porque amamos.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Tal idéia de completude é acionada sob dois aspectos: primeiro, se não amamos,
não estamos completos, algo nos falta. Segundo, depositamos no outro, no ser
amado, toda a responsabilidade da nossa felicidade. O outro é, dessa forma,
revestido de um poder absoluto, como se ele, e somente ele, fosse capaz de nos
preencher. Sem o ser amado estamos destinados à falta, a infelicidade. Sem
aquele que supostamente nos completa, estamos vazios, aniquilados. Tal
concepção leva, muitas vezes, os sujeitos a conduzirem suas vidas pautados não
em sua própria trajetória (profissional, emocional, etc), mas alicerçados em
projetos onde o outro é o centro e a razão de ser. Especialmente as mulheres,
historicamente têm construído suas vidas através de sucessivas renúncias, em
função do outro. Almira Rodrigues e Sílvia Yannoulas (1998, p. 66) observam que
a identidade feminina se estabeleceu “com base no amor/entrega, do ser para os
outros, da heteronomia, em um contrato temporalmente infinito”. Muitos
discursos, desde o início do século, procuraram fazer de tal argumento uma
verdade universal e imutável. Dar-se de forma incondicional, dedicando-se à
família, sendo a principal responsável por sua manutenção.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
As representações de felicidade e completude através do outro são tão
contundentes, que em geral, quando a pessoa amada, objeto e fiel depositária
dos nossos mais profundos sentimentos nos falta, ou simplesmente se vai, o que
nos resta? Apenas o vazio e alguma lembrança? Ao depositarmos todas as nossas
fichas no outro como principal responsável pela nossa felicidade e equilíbrio
emocional (alguns apaixonados chegam mesmo a dizer que o amado é o ar que eles
respiram!) podemos ser surpreendidos ou tomados por uma estranha sensação de
esvaziamento em caso de rompimento da relação. Como costumamos administrar
esses rompimentos, que geram muitas vezes inúmeros ressentimentos, mágoas,
frustrações e até mesmo violência?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Eterno idéia de eternidade: para sempre ou infinito enquanto durar?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
A idéia de indissociabilidade entre amor e eternidade continua presente em
muitos discursos, especialmente o religioso, ainda que, na prática, com as
diversas transformações ocorridas no âmbito das relações sociais, tenhamos hoje
certa democratização e um afrouxamento nas relações afetivo-sexuais. O amor é
percebido como é um sentimento tão agradável e bom de se experimentar,
principalmente quando se é correspondido, que temos o desejo (e certamente é
mais um desejo do que uma possibilidade) de que tal sentimento se eternize (até
porque dá muito trabalho começar tudo de novo). O belo soneto da fidelidade de
Vinícius, repetido à exaustão, especialmente na parte em que diz “que não seja
imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”, vem expressar
de modo muito singular o tom dessas transformações nas relações amorosas.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
No entanto, apesar de presenciarmos inúmeras situações que nos falam da
transitoriedade do amor, de sua impermanência e instabilidade, ainda assim
muitos indivíduos continuam pautando suas vidas, no sentido mais concreto da
existência, sob a ótica das idealizações que se pretendem eternas. Alguns
discursos religiosos e mesmo grande parte dos discursos midiáticos costumam
reforçar a idéia de um amor eterno, que deve ser buscado e mantido
incessantemente. ro.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
O amor é entrega, renúncia, dedicação... mas para quem?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Vera Lucia Pereira Alves (2005), em sua tese de doutorado sobre livros de
auto-ajuda que ensinam a como conseguir e manter um relacionamento amoroso,
mostra o quanto esse tipo de material produz uma pedagogia voltada
especialmente para as mulheres, exigindo delas a árdua tarefa de se
responsabilizarem pela manutenção da relação. Essa entrega implica
constantemente em procedimentos que visam manter “a chama do amor” sempre
acessa (necessidade de agradar o amado, por exemplo). Em muitas revistas e
livros recentes ou não, é possível observar uma série de conselhos destinados
às mulheres, reforçando a idéia de que elas são possuidoras de uma capacidade
natural que as coloca na posição de cuidadoras em potencial (da casa, dos
filhos, do marido, dos pais, dos amigos, etc).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Por outro lado, tais procedimentos para a manutenção do amor, mais
especificamente da relação, e essa suposta entrega que é acionada quando se
ama, faz com que muitos indivíduos pautem seus relacionamentos amorosos a
partir de uma lógica possessiva, que não dá espaço para individualidades. Tal
perspectiva leva a comportamentos de controle sobre o outro, em um constante
monitoramento que se expressa através de ações, tais como: vasculhar objetos
pessoais do amado - carteira, celular, contas bancárias, orkut, e-mails (alguns
casais possuem até mesmo um e-mail conjunto!).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Há aqui a idéia de que entre o casal não pode/deve haver segredos, e sendo
assim, não há, conseqüentemente, muito espaço para o exercício da
individualidade. Dessa forma, é muito comum que os casais apaixonados ou
simplesmente casados (mas não necessariamente apaixonados) tenham conta
bancária conjunta, saibam as senhas um do outro, façam os mesmos programas
juntos, tenham o mesmo grupo de amigos, etc. Em nome de uma suposta
transparência na relação, muitos casais se obrigam a contar tudo um para o
outro, prestando uma espécie de relatório diário sobre cada passo, que
porventura, pretendam dar. Tal sentimento de posse e de controle sobre o outro,
resulta, muitas vezes, em situações de violência, como apontam as estatísticas
em torno da agressão física e psicológica contra as mulheres, bem como na
dominação feminina sobre os homens.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Talvez seja interessante pensar, especialmente no âmbito de uma proposta de
educação para a sexualidade nas escolas, por que, afinal de contas, o
relacionamento amoroso traz consigo a idéia de que não deve haver segredos um
para o outro?</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
É interessante observar que o amor romântico pressupõe uma entrega
incondicional de si mesmo para o outro e uma cobrança para que o outro também
tenha os mesmos propósitos. Tal dedicação e cumplicidade, no entanto, nem
sempre são correspondidas, como nos mostram os dados referentes aos altos
índices de contaminação pelo vírus HIV em mulheres casadas, que por terem essa
condição, acham que podem confiar cegamente no parceiro (MEYER et alli, 2004).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Outro aspecto que merece nossa reflexão diz respeito ao fato de que a vivência
do amor deve ter no casamento o seu ápice, ou seja, para provar de fato que
amamos o outro, precisamos mostrar que desejamos viver junto com aquela pessoa.
A opção de não querer se casar coloca o sujeito sob suspeita (os homens, em
especial, quando chegam a certa idade e não querem se casar são vistos com
desconfiança – ou são gays ou são imaturos! Já as mulheres que não querem se
casar são vistas como estranhas, devem ter algum problema, principalmente se
não desejam ter filhos). Ou ainda: se a pessoa diz que ama, mas não quer casar,
é como se ela não amasse o suficiente.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Tais situações demonstram a dificuldade de pensarmos o amor de forma isolada,
uma vez que ele está sempre referido à conjugalidade e à própria história da
família.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Das impermanências</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
As questões até aqui levantadas podem ser muito produtivas para se pensar a
cultura e a forma como aprendemos a lidar com nossos sentimentos, como
gerenciamos nossas escolhas afetivas. Como salienta Costa (1998, p. 12),</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
O amor é uma crença emocional e, como toda crença, pode ser mantida, alterada,
dispensada, trocada, melhorada, piorada ou abolida. O amor foi inventado como o
fogo, a roda, o casamento, a medicina, o fabrico do pão, a arte erótica
chinesa, o computador, o cuidado com o próximo, as heresias, a democracia, o nazismo.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Como uma construção histórica e cultural, o amor, a paixão, bem como seus
desdobramentos em termos de relação, merecem ser amplamente discutidos na
perspectiva de uma educação para a sexualidade, e aqui utilizo essa expressão
por entender que ela pode acionar discussões mais abrangentes quando se trata
de refletir sobre nossos prazeres e desejos, não se restringindo ao sexual como
ato, mas proporcionando outras vias de discussão e temáticas diversas, para
além do viés biologicista.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
O amor como tema de uma educação para a sexualidade, pode ser visto também,
assim como quase tudo, na sua transitoriedade, inconstância e fluidez. Mas nem
por isso, essa experimentação dos desejos e dos afetos se tornam menos valiosos
(ainda que tenha data de validade!). Afinal, ninguém é o tempo todo e por tanto
tempo tão interessante assim para o outro, embora essa situação de
desfalecimento do amor ou da paixão seja um duro golpe nas nossas identidades
tão narcísicas que aprendemos a cultivar. Como nos lembra o compositor Jorge
Drexler, em sua música Sanar</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
“Y nadie sabe porqué um día el amor nace</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
ni sabe nadie por que muere el amor um dia</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
es que nadie nace sabiendo,</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
nace sabiendo</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
que morir, también es ley de vida”.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
Referências bibliográficas</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
ALBERONI, F. Amor e enamoramento. Rio de Janeiro: Rocco. 1995.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
ALVES, Vera Lucia Pereira. Receitas para a conjugalidade: uma análise da
literatura de auto-ajuda. (Tese de Doutorado). UNICAMP, 2005.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
ARENT, Hannah. O conceito de amor em Santo Agostinho: ensaio de interpretação
filosófica. Lisboa: Instituto Piaget, s/d.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
ARIÈS, Phillippe. O amor no casamento. In ARIÈS, P. & BÉJIN, A.
Sexualidades ocidentais: contribuições para a história e para a sociologia da
sexualidade. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 153-162.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
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BLOCH, R. Howard. Misoginia medieval e a invenção do amor romântico ocidental.
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LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho – ensaios sobre sexualidade e teoria
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___. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Vozes:
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___ (org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte:
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MATOS, Marilise. Reinvenções do vínculo amoroso: cultura e identidade de gênero
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MEYER, Dagmar. Relações entre ciência, mídia, gênero e a politização da
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MEYER, Dagmar; SANTOS, Luís Henrique S.; OLIVEIRA, Dora Lúcia. ‘Mulher
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NEVES, Orlando. Dicionário da origem das palavras. Lisboa, Editorial Notícias,
2001.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
PAZ, Octavio. A dupla chama - amor e erotismo. São Paulo: Editora Siciliano,
1994.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
RODRIGUES, Almira; YANNOULAS, Silvia. Gener-idade – primeiras aproximações ao
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ROGEMONT, Denis de. História do amor no ocidente. São Paulo: Ediouro, 2003.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
SANT’ANNA, Denise. Cuidados de si e embelezamento feminino: fragmentos para uma
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___. Transformações do corpo: controle de si e uso dos prazeres. In: RAGO,
Margareth et all (org.). Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias
nietzschianas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 99-110.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença In: SILVA,
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73-102.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação &
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___. O currículo como fetiche. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">Belo Horizonte: Autêntica, 1999.<br />
<br />
SOLOMON, Robert. “The virtue of (erotic) love”. In: SOLOMON, R; HIGGINS, K.
(org.). The Philosophy of (Erotic) Love.<br /> </span><span lang="EN-US"><br /></span><span lang="EN-US"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 115%;">
SOLOMON, Robert. “The virtue of (erotic) love”. In: SOLOMON, R; HIGGINS, K.
(org.). The Philosophy of (Erotic) Love. </span></span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Kansas:
University Press of Kansas, 1991.<br />
<br />
VIARO, Mário Eduardo. Por trás das palavras. Manual de etimologia do português.
São Paulo, Globo, 2004.<br />
<br />
WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (org.). O
corpo educado: Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p.
35-82.<br />
<br />
<br />
<br />
</span><span style="font-size: 12pt;"><br /></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">
VIARO, Mário Eduardo. Por trás das palavras. Manual de etimologia do português.
São Paulo, Globo, 2004.</span></span></span><span style="font-size: 12pt;"><br /></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">
WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (org.). O
corpo educado: Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p.
35-82.</span></span></span><span style="font-size: 12pt;"><br /></span><span style="font-size: 12pt;"><br /></span><span style="font-size: 12pt;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref1" title="">[1]</a> Coordenadora do GEERGE – Grupo de Estudos de
Educação e Relações de Gênero – do Programa de Pós-Graduação em Educação, da
Faculdade de Educação da UFRGS. Texto apresentado no III Seminário Corpo,
gênero, sexualidade – discutindo práticas educativas, na UFRGS (16-18 de
maio/2007), e publicado no livro:</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
RIBEIRO, Paula R. C; SILVA, Méri R. S; SOUZA, Nádia G. S.; GOELLNER, Silvana
V.; FELIPE, Jane (org.). Corpo, gênero e sexualidade: discutindo práticas
educativas. Rio Grande: Editora da FURG, 2007. p. 31-45.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref2" title="">[2]</a> A música já foi gravada por importantes nomes
da MPB como Elis Regina, Ed Motta e outros.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref3" title="">[3]</a> Na perspectiva pós-estruturalista, conhecer e
representar são processos inseparáveis. A representação – compreendida aqui
como inscrição, marca, traço, significante e não como processo mental – é a
face material, visível, palpável do conhecimento (SILVA, 1999, p.32).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref4" title="">[4]</a> Recentemente me deparei com um catálogo de
lançamentos editoriais onde constava o livro “Como arranjar marido depois dos
35”, de Rachel Greenwald (Sextante, 2004). Interessante notar que a maioria
desses livros se direciona ao público feminino.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref5" title="">[5]</a> O
conceito de casamento deve ser aqui entendido em seu sentido mais amplo, ou
seja, de co-habitação, não necessariamente um casamento legalizado, “no papel”,
o que possibilita incluir as relações homossexuais nessa discussão.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref6" title="">[6]</a> No
curso de Pedagogia da UFRGS venho oferecendo há alguns anos a disciplina
Educação sexual na escola, disponibilizando alguns dos resultados de estudos
desenvolvidos na linha de pesquisa Educação, sexualidade e relações de gênero,
do Programa de Pós-Graduação em Educação.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref7" title="">[7]</a> De
modo muito resumido, podemos dizer que o conceito de homofobia pode ser
caracterizado como a aversão aos homossexuais e a misoginia refere-se às
manifestações de ódio ou desprezo a todo e qualquer comportamento que possa
parecer feminino (BLOCH, 2005). Já a heterofobia refere-se à discriminação por
parte de homossexais em relação aos hetero (BALESTRIN, 2005).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref8" title="">[8]</a> Ver
ainda as obras de Arent (s/d), Alberoni (1995), Ingeneiros (1997), Finzi
(1998), Matos (2000), Le Goff (2003) e Bauman (2004).</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref9" title="">[9]</a> Ver
CUNHA, 1982, p. 37-41.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref10" title="">[10]</a> Ver
NEVES, 2001.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=32458530&postID=115904986676338708#_ftnref11" title="">[11]</a> Ver
VIARO, 2004.</span><br />
<br />Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9202372100103432487.post-42586824816691314142012-04-06T10:43:00.001-07:002012-04-06T10:47:46.917-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Alguns descompassos entre discursos do
amor romântico e as relações na vida como ela é</span></b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Parte I<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Patrícia Abel Balestrin<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Seguem algumas reflexões a partir de leituras
sobre o amor romântico...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Parece que só é possível pensarmos o que, de fato,
é considerado romântico, à medida que pensamos o que não o é. O romantismo se
constrói a partir da sua diferença, assim como o processo de construção de
identidades. Pensemos como os discursos sobre o amor romântico podem ter se
tornado tão poderosos a ponto de atravessar gerações e seguir marcando presença
mesmo naquelas relações em que as pessoas se dizem estarem livres desta
representação!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Foucault talvez pudesse nos inspirar a pensar:
Como o amor romântico veio a ser historicamente concebido dessa forma e não de
outra? Que significados vêm sendo construídos em torno da idéia de amor
romântico ao longo da história? Quem tem se apropriado deste saber e tem tido o
poder de dizer o que é e o que não é o amor romântico? Que efeitos este projeto
do amor romântico tem no modo de viver as relações e na vida das pessoas que se
engajam, de certa forma, nele? (ou são empurradas, compelidas e praticamente
forçadas a fazê-lo?) Basta que olhemos um pouco para as nossas relações para
percebermos traços, marcas desta representação que teve e ainda tem grandes
efeitos de poder em nossas vidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tenho percebido nas vivências pessoais e nas que
escuto, tanto no consultório como fora dele, que há um forte discurso de uma
masculinidade que afirma algo do tipo “gostamos de mulheres inteligentes,
independentes, ousadas, fortes”. Porém, talvez seja muito desestabilizador
ainda para as masculinidades hegemônicas (e, quem sabe, também para algumas
feminilidades lésbicas?) quando a mulher, de fato, mostra-se com estes “novos”
atributos. Parece-me que não são atributos muito românticos... e acabam sendo,
na prática, rejeitados pela maioria dos homens. Vejo que estas mesmas
qualidades de independência, inteligência, ousadia que foram admiradas e
desejadas no momento do apaixonamento acabam por constituir, muitas vezes, os
verdadeiros empecilhos para que a relação perdure.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Parece haver um descompasso entre as feminilidades
que estão se constituindo a partir de um discurso feminista e as masculinidades
que tentam acompanhar este movimento, mas esbarram nas “velhas” representações
de amor romântico onde o feminismo não tem vez, nem voz!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Encerro, por hoje, com uma citação de Jurandir
Freire da Costa que nos impulsiona a questionar algumas representações de amor
romântico que podem estar presentes em nossas vidas, em nossas práticas
profissionais e afetivas:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Aprendemos a crer que amar
romanticamente é uma tarefa simples e ao alcance de qualquer pessoa
razoavelmente adulta, madura, sem inibições afetivas ou impedimentos culturais.
O sentimento do insucesso amoroso é, por isso mesmo, acompanhado de culpa,
baixa auto-estima e não de revolta contra o valor imposto, como na situação de
preconceito. Poucos são capazes de duvidar da “universalidade” e da “bondade”
deste amor culturalmente oferecido como algo sem o que nos sentiremos
profundamente infelizes. Acredito que, sem uma crítica à idealização do
amor-paixão-romântico, temos poucas chances de propor uma vida sexual,
sentimental ou amorosa mais livre. Para que a ética da amizade foucaultiana se
torne um experimento moral viável, será necessário antes “problematizar” a
antinomia do amor romântico de nossos dias.”</span></i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (Costa,
1999, p. 35)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">COSTA, Jurandir Freire. Sem fraude nem favor:
estudos sobre o amor romântico. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 5ª edição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="http://entreumparadoxoeoutro.blogspot.com/">http://entreumparadoxoeoutro.blogspot.com</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(Porto Alegre, 23 de dezembro de 2005)<o:p></o:p></span></div>Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9202372100103432487.post-2014007569354896972012-04-06T10:40:00.001-07:002012-04-06T10:40:07.418-07:00<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><b>Masculinidade Heterossexual e
Pedofilização: o universo infantil como recurso erótico em revistas masculinas</b><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Adriane Peixoto
Câmara<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(PPGEdu/UFRGS)<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Introdução<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O objetivo
principal do presente trabalho é levantar subsídios para uma discussão acerca
das questões relacionadas à masculinidade, mídia impressa, sexualidade e
pedofilização, pontos que considero nevrálgicos em minha dissertação de
Mestrado<a href="" name="_ftnref1"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftn1" title="">[1]</a>. O objeto empírico desta investigação é a
Revista Sexy (ano de 2005)<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Busco através das
perguntas que compõem este trabalho, uma articulação entre os investimentos
feitos pela revista com relação à masculinidade e a demanda para que mulheres
adultas se vistam como meninas. Tal referência ao universo infantil está longe
de ser uma representação de pureza e ingenuidade, ou seja, uma representação
dessexualizada, mas sim (especialmente em publicações dirigidas para o público
masculino heterossexual) são expostas mulheres muito sensuais que apresentam um
forte apelo erótico. Pretendo analisar, portanto, o universo infantil como
recurso erótico (ou seja, uma faceta do conceito de pedofilização), tanto nos
ensaios fotográficos como também em reportagens que abordem, de alguma maneira,
a sexualidade masculina.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Universos
analíticos iniciais: gênero, masculinidade, infância...<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nos anos 70 do
século XX, um conjunto de feministas anglo-saxãs referenciam o gênero em suas
análises e, mesmo assumindo diversos matizes, desde então, o conceito ganha
força nos anos 80 fomentando análises a respeito das relações entre os homens e
as mulheres. De uma maneira geral, o conceito acentua especialmente a parcialidade
das ‘verdades’ estabelecidas, bem como argumenta que as “diferenças e
desigualdades entre mulheres e homens eram [são] social e culturalmente
construídas e não biologicamente determinadas” (MEYER, 2005, p.15, acréscimo
meu). De uma maneira geral, o conceito de gênero, em conformidade com a
teorização pós-estruturalista, privilegia uma abordagem descontínua e
relacional, que rejeita as investigações fundamentadas em teorias
essencialistas e biologizantes acerca das relações entre os gêneros, o corpo, o
sexo e a sexualidade (MEYER, 2004; LOURO, 1997, 2002).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Com relação à
masculinidade, é preciso anunciar, logo de início, que o fato de explorar
possibilidades investigativas a respeito da masculinidade, não implica a tarefa
de reificar uma masculinidade, nem buscar traços de uma possível ‘essência’
masculina. A proposta aqui será sinalizar fundamentalmente o caráter localizado
e histórico da masculinidade, em contraposição à idéia de se pensar os homens
(sempre no plural) como algo fixo ou natural. Não caberá em nenhum momento, a
tentativa de estabelecer ‘verdades’ absolutas e definitivas sobre os sujeitos
masculinos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A masculinidade
não pode ser entendida de maneira isolada, ou seja, descolada da própria
feminilidade. Autores como Robert Connell (1995, 1997) e Seffner (2003) apontam
que a masculinidade não é um conjunto coerente, cristalizado, do qual se
extraia elementos para compor uma ciência generalizante. Explorar tais
possibilidades investigativas significa fundamentalmente trilhar percursos descontínuos
e fragmentados, pois a própria masculinidade não se constitui como um bloco
monolítico, mas sim como “fruto de tensões, disputas e interesses próprios da
cultura, e tem sua existência marcada por essas disputas de significado [...]”
(SEFFNER, 2003, p.124-5).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Segundo Oliveira
(2004) a palavra masculinidade deriva do termo latino masculinus, e sua
utilização data de meados do século XVIII, “no momento em que se realizava uma
série de esforços científicos no intuito de estabelecer critérios mais explícitos
de diferenciação entre os sexos” (p.13). Para este autor, estão intimamente
relacionados os ideais modernos de ciência universal e racionalidade, (ou seja,
a concepção de que a razão e a ciência libertariam a humanidade da ignorância e
das ‘trevas’), com os ideais de masculinidade, pois a ciência, tal como
descrita, contribuiu com diversos elementos para a consolidação de uma
supremacia masculina. Um exemplo disso é a própria noção de impulso sexual
masculino, tomando como base científica a teoria darwiniana, que “iria emergir
com força, no final do século XIX, principalmente na sexologia, estabelecendo o
padrão para distinguir o normal do patológico” (2004, p.56).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Na atualidade,
marcada por grandes contestações das certezas que fundaram a sociedade moderna,
inclusive a própria concepção de ciência, a masculinidade, de uma maneira
geral, torna-se o foco das mais diversas atenções, não somente dos
pesquisadores, mas também dos veículos de comunicação, tais como as revistas,
os jornais, os programas de televisão e as propagandas publicitárias, que se
perguntam cada qual à sua maneira, o lugar do homem na sociedade atual<a href="" name="_ftnref2"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftn2" title="">[2]</a>. Certamente, tal como aponta Monteiro
(2000b), a resposta para a pergunta ‘o que é ser homem’ não é mais tão óbvia
para todos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Do ponto de vista
acadêmico, as investigações acerca das masculinidades apresentam uma gama
variada de origens teóricas e analíticas. Segundo Margareth Arilha, et al.
(1998), é difícil desvincular os estudos sobre as masculinidades, do Movimento
Feminista e das produções teóricas específicas desse campo. Como conseqüência
disso, os estudos sobre as masculinidades têm-se dividido nas seguintes
vertentes: 1) Os aliados do feminismo: reconhecem as teorias feministas e de
gênero como base teórica que fundamenta as análises acerca das masculinidades e
2) Os estudos autônomos: não estão vinculadas às discussões sobre gênero ou
mesmo às conquistas das mulheres (op. cit.).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Acredito que exista
ainda uma segunda característica em que podemos diferenciar as produções
acadêmicas acerca das masculinidades: 1) Os trabalhos que tratam de investigar
a construção social da masculinidade, ou seja, esses pesquisadores buscam do
ponto de vista social e cultural, os elementos que podem ou não constituir a
masculinidade. São trabalhos que geralmente falam em uma masculinidade que está
no singular (BOURDIEU, 1995, OLIVEIRA, 2000; 2004). 2) Os trabalhos que tratam
de desconstruir a noção de masculinidade como um dado estático, atemporal e que
é somente herdeira de uma representação masculina hegemônica. Os autores falam
em masculinidades (plural), além de acentuarem as mudanças e transformações nas
identidades de gênero masculinas (CONNELL, 1997; SEFFNER, 2003, MONTEIRO,
2000a).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Feitas as
considerações com relação ao conceito de gênero e sua relação com a
masculinidade, é necessário tematizar a infância com o objetivo de
contextualizar o conceito de pedofilização. A infância não é um conjunto
homogêneo, estável, mas sim como um processo construído social e
historicamente, existindo, portanto, um conjunto de discursos sobre o que é ser
criança.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Muitas
transformações na situação das crianças se operaram desde as grandes mudanças
que deram origem à Modernidade. No Ocidente, especialmente a partir da
Revolução Francesa, a criança começa a ser percebida, de maneira mais efetiva,
como o futuro adulto sendo dessa forma, necessário prepará-la através da
educação escolar. Nas formulações modernas, sobretudo no campo da Educação e da
Psicologia, são construídas representações em que as crianças são concebidas
como sujeitos que possuem características próprias e peculiares traçando assim,
uma ‘natureza infantil’, que necessita, portanto, de intervenção: “inocentes,
frágeis, imaturas, maleáveis, naturalmente boas, seres que constituem promessa
de um futuro melhor para a humanidade” (BUJES, 2005, p.190). É a partir desta
época que uma intensa produção discursiva em torno das crianças produz uma
infantilização das mesmas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Juntamente com a
questão da pedagogização da infância, ou seja, o fato da escola moderna
tornar-se um locus de produção de saberes a respeito dos infantes, questões
relacionadas com a violência e as relações sexuais entre crianças e adultos
ganham também uma maior visibilidade. É a partir das intensas modificações a
respeito dos direitos dos cidadãos que a proteção à infância, tanto no que diz
respeito aos cuidados mais gerais, como a proteção aos possíveis violentadores
sexuais passa a ser questão, sobretudo no século XX relacionada aos direitos
humanos. Proteger uma criança, portanto, é uma questão que diz respeito a
assegurar os direitos humanos básicos<a href="" name="_ftnref3"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftn3" title="">[3]</a>.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A pedagogização e
a infantilização das crianças, aliadas às redes de proteção dos direitos das
mesmas, se configura no que chamamos de ‘mundo infantil’, diferente do ‘mundo
adulto’. Uma das conseqüências dessa separação de ‘mundos’ é a própria questão
das relações sexuais entre adultos e crianças, antes negligenciadas, aparecem,
sobretudo no Estado Moderno, como um problema e um fenômeno, precisando ser
tratado, escrutinado, exterminado. Os sujeitos que circulam entre o “mundo
infantil” e o “mundo adulto” passam a ser intensamente vigiados, sobretudo
contemporaneamente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Importa neste
momento, registrar as mudanças que se operam no conceito de infância, pois, se
os projetos modernos de infância constroem um tipo de representação de criança
que exige uma pedagogização, as mudanças intensas nas configurações sociais da
atualidade “[...] têm introduzido quebras, rachas, fissuras, na bem constituída
arquitetura discursiva sobre a infância que nos foi legada pelo Iluminismo ou
que nele se inspirou” (BUJES, 2005:186). Os mais diversos investimentos têm se
entrelaçado para constituir o que entendemos por infância. É interessante
perceber de que forma esses mesmos investimentos e representações correlatas à
infância têm sido fortemente resignificados, sobretudo numa época de acelerado consumo
e avanço tecnológico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">É na esteira deste
“império de consumo” contemporâneo que um conjunto de autores tais como Felipe
(1998, 2005a), Steinberg e Kincheloe (1999), Walkerdine (1999) entre outros,
analisam as novas concepções de infância produzidas nas e pelas relações de
consumo, através das pedagogias culturais. Segundo estes autores, a escola não
é mais o único espaço de aprendizado dos valores e significados culturais. Isso
significa apontar que, se a pedagogia teve que inventar uma criança e uma
infância para o projeto moderno civilizador, certamente as instâncias
midiáticas reinventam uma criança para o consumo de seus produtos: as crianças
não aparecem mais como inocentes e, principalmente, imaturas. Por exemplo, nas
propagandas publicitárias os meninos entendem tudo de computadores, video games
e os sistemas digitais, e as meninas aparecem como pequenas mulheres
provocantes<a href="" name="_ftnref4"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftn4" title="">[4]</a>, preocupadas com seus corpos, desfilando,
fazendo poses e demonstrando que sabem bem o que querem no momento das compras.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O conceito de
pedofilização está fortemente imbricado a este contexto contemporâneo de
consumo e resignifcação das imagens dos infantes. Felipe (2003, 2005a) tem
problematizado as conseqüências do consumo com relação à infância, pois o
mercado, através de grandes empresas, investe na imagem e na adoração da figura
infantil, na busca incessante de novos nichos de consumo. As crianças se
tornaram ávidas consumidoras, além de serem objetos de consumo. Esse mecanismo
do mercado acontece de maneira intensa através da publicidade, que demonstra a
nossos olhos, que qualquer motivo ou imagem que possa estimular o consumo é
veiculada, vendendo e incentivando de maneira sedutora a compra de produtos
como uma grande novidade, mesmo não sendo. Existe, na publicidade atual, uma
urgência em se produzir necessidades. Steinberg e Kincheloe (2001, p.24) tratam
de tematizar a questão das propagandas voltadas para o universo infantil:
“corporações que fazem propaganda de toda a parafernália para crianças
consumirem promovem uma teologia de consumo que efetivamente promete redenção e
felicidade através do ato de consumo” (grifos dos autores).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O consumo
exarcerbado como um elemento significativo também atravessa o próprio conceito
de pedofilização: ao mesmo tempo que atos pedófilos são vigiados, escrutinados
e mesmo odiados, “[...] as crianças têm sido alvo de um forte apelo comercial,
sendo descobertas como consumidoras e, ao mesmo tempo, como objetos a serem
consumidos” (FELIPE & GUIZZO, 2003, cd-rom).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O corpo infantil
vem sendo alvo de constantes e acelerados investimentos. Com o surgimento dos
veículos de comunicação de massa, em especial a TV, as crianças passaram a ser
vistas como pequenos consumidores, e a cada dia são alvos constantes de
propagandas. Ao mesmo tempo em que elas têm sido vistas como veículo de
consumo, é cada vez mais presente a idéia da infância como algo a ser
apreciado, desejado, exaltado, numa espécie de ‘pedofilização’ generalizada da
sociedade (op.cit).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O conceito de
pedofilização, portanto, nos permite explorar de maneira investigativa a
curiosa contradição que tem se estabelecido em nossa cultura, a saber: as
campanhas de proteção à infância e combate à violência e pornografia infantil
estão lado a lado com imagens erotizadas das crianças, especialmente das
meninas (FELIPE, 2005a).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Landini (2000)
também aponta nesta direção ao estudar a pornografia infantil. Se por um lado,
fotos de crianças em poses sexuais são consideradas crime, por outro lado temos
uma cultura que erotiza a imagem da criança. Segundo ela não existe apenas<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[...] uma
pornografia mas também uma erótica infantil, ou, em outras palavras, uma
erotização da imagem da criança. Não é difícil encontrar propagandas e anúncios
onde a criança é mostrada em pose sensual ou em contexto de sedução. Novelas
mostram crianças com o mesmo comportamento de adolescentes. Até mesmo as
músicas, seguindo a mesma linha da ‘música do Tchan’ ou ‘dança da boquinha da
garrafa’ com conteúdo bastante sexual, passaram a ser cantadas e dançadas pelas
crianças (2000:36-7).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Masculinidades e
Sexualidades: mídia e construção do desejo<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">As revistas, de
uma maneira geral, se constituem como um espaço de grande circulação de
representações acerca da masculinidade e da feminilidade. É preciso ter em
mente que as revistas não atuam num espaço vazio ou neutro de significados,
muito pelo contrário. As reportagens, fofocas, dietas, receitas, ensaios
fotográficos, entre outros estão atravessados por representações e significados
presentes na cultura e que, por sua vez, atuam constituindo os sujeitos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A partir da ótica
dos Estudos Culturais, as revistas masculinas serão tomadas neste trabalho
enquanto artefatos culturais. Segundo Silva (2003), os artefatos culturais são
“sistemas de significação implicados na produção de identidades e
subjetividades, no contexto de relações de poder” (p.141-2). Portanto, para o
âmbito deste trabalho, as revistas não se tratarão de simples sistemas de
informação ou entretenimento, mas sim como uma forma de conhecimento acerca da
masculinidade que certamente atravessará as identidades sexuais e de gênero dos
homens e das mulheres. Douglas Kellner (1995) contraria a idéia de que os
artefatos culturais possuem um caráter neutro ou ainda meramente informativo:<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Embora os
apologistas da indústria da publicidade argumente, que a publicidade é
predominantemente informativa, um exame cuidadoso das revistas, da televisão e
de outros anúncios imagéticos indicam que ela é avassaladoramente persuasiva e
simbólica e que suas imagens não apenas tentam vender o produto, ao associá-lo
com certas qualidades socialmente desejáveis mas que elas vendem também uma
visão de mundo, um estilo de vida e um sistema de valor congruentes com os
imperativos do capitalismo de consumo (p.113).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Podemos afirmar
que o espaço das revistas masculinas se configuram em um importante locus de
circulação e produção de significados, representações e saberes a respeito da
masculinidade, sobretudo nos contextos contemporâneos. Ao elegerem o tema da
sexualidade como foco central de suas reportagens, as revistas receitam,
indicam e sugerem determinados comportamentos sexuais aos seus leitores, tanto
femininos quanto masculinos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O universo
masculino sempre desfrutou de uma maior liberalidade no que se refere à
sexualidade, e isso é evidente com relação às revistas masculinas, tal como
demonstra a própria revista Sexy (COSTA, 1995). A partir de tal premissa, que é
principalmente cultural, a revista procura reforçar uma supremacia masculina no
terreno da sexualidade, incentivando um comportamento sexual masculino
liberado. Em um processo constante de estimulação da sexualidade masculina, a
revista trabalha a partir de uma crença de que o erotismo masculino (isto é, a
excitação) é fundamentalmente visual, ao contrário do erotismo feminino, que seria
mais tátil. Fundamentada a partir desse regime de verdade, a revista Sexy expõe
uma grande quantidade de mulheres nuas em suas páginas, dando à nudez feminina
uma licenciosidade, ou seja, é sempre permitido ao homem olhar, desfrutar as
fotos desnudas das mulheres.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A revista investe
numa representação de masculinidade que considera o homem como um ‘voyeur
erótico’ pressupondo também que a “arte de contemplação pornográfica só pode
ser feita pelos olhos voyeristas masculinos” (COSTA, 1995, p. 12). Neste investimento
existe uma espécie de ‘matemática sexual’, que, exposta na revista Sexy ensina
somente a ‘conta de somar’: “mulheres sensualmente nuas + vontade + desejo +
pornografia = homem viril, másculo” (idem). A revista investe, portanto, numa
construção e afirmação da sexualidade masculina a partir dos termos da referida
adição.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A revista Sexy
procura convencer o seu leitor a moldar-se num tipo de comportamento sexual
masculino. O homem deve ter o erotismo à flor da pele, pensar sempre em
mulheres, desejá-las, tê-las, comê-las sexualmente. O desejo masculino de
‘abocanhar’ as mulheres, no sentido de degustá-las sexualmente [...] (ibidem).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Neste trabalho
quero me prender com especial atenção, em como a revista Sexy articula a
masculinidade heterossexual (seu público-alvo), com a utilização do universo
infantil como recurso erótico. Um dos objetivos gerais deste trabalho é,
portanto, buscar subsídios para problematizar com maior afinco a sexualidade
masculina e seu alcance em nossa cultura, especialmente quando determinadas
crenças, como por exemplo, a noção difundida do ‘impulso sexual masculino’
instituem regimes de verdade que, por sua vez, constituem de maneira
diferenciada e em complexas relações de poder, as sexualidades masculina e
feminina. Ao problematizar a masculinidade heterossexual na revista Sexy, busco
justamente entender como a sexualidade masculina é vista e interpretada na
cultura, uma vez que a revista não atua num espaço vazio de significados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Para o âmbito
desta pesquisa, a sexualidade não será tematizada como uma essência fixa ou
estável dos sujeitos, mas sim como algo construído socialmente, resignificado
ao longo de suas vidas e de muitas maneiras. Para Louro (2001) os “rituais,
linguagens, fantasias, representações, símbolos e convenções” que constituem a
sexualidade são processos culturais e históricos, tal como os corpos, que,
mesmo possuindo uma materialidade apresentam significados e investimentos que
também são culturais e históricos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Cabe então nos
perguntarmos como enxergamos a sexualidade, especialmente atravessada por
questões de raça, gênero e classe (WEEKS, 2001). Não me aterei neste momento
especificamente às questões de raça ou classe para pensarmos a sexualidade, mas
certamente a questão do gênero é relevante. Afinal de contas, como já referido
acima, as sexualidades masculina e feminina são percebidas e construídas de
maneiras distintas na cultura.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Para Weeks (2001),
por exemplo, a sexualidade feminina tem sido ao longo dos anos, definida em
relação à sexualidade masculina, ou seja, a sexualidade feminina tem sido
historicamente subsidiária da sexualidade do homem. Na tentativa de descrever
ou definir a sexualidade, a metáfora mais corriqueira é a idéia da sexualidade
como uma força incansável e avassaladora do ser humano. Tal metáfora está
intimamente relacionada às nossas concepções sobre o desejo masculino, ou ainda
a experiência sexual masculina. Isso significa apontar que, para este autor, a
linguagem da sexualidade, em nossa cultura, é uma linguagem masculina, de um
desejo masculino que sempre se impõe e é sempre avassalador.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[...] os sexólogos
frequentemente perpetuaram uma tradição antiga, que via as mulheres como ‘o
sexo’, como se seus corpos estivessem tão saturados de sexualidade que nem
havia necessidade de conceptualizá-la. Mas é difícil evitar a sensação de que,
em seus escritos e talvez também em nossa consciência social, o modelo dominante
de sexualidade é o masculino. Os homens são os agentes sexuais ativos; as
mulheres, por causa de seus corpos altamente sexualizados, ou apesar disso,
eram vistas como meramente reativas ‘despertadas para a vida’ pelos homens, na
significativa frase de Havelock Ellis (WEEKS, 2001, p. 41).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Felipe (2000) e
Louro (1998) ao analisarem a construção da masculinidade e suas representações
correlatas também salientam a estreita relação entre sexualidade e
masculinidade em nossas sociedades: a construção da masculinidade está
fortemente atrelada à sexualidade. Existe uma associação (e, por conseguinte,
um investimento também), quase que mecânica entre masculinidade e sexualidade,
onde “a representação do gênero masculino é articulada à sexualidade de um modo
mais central do que a do gênero feminino” (LOURO, 1998, p.44).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O que importa a
partir de tais apontamentos são os efeitos de verdade, ou seja, atentarmos para
o fato de como tais premissas e normas culturais ganham uma ‘materialidade’
através das relações sociais. Podemos explorar aqui um exemplo dessa
‘materialidade’: vivemos em uma sociedade onde as profissões historicamente
relacionadas às mulheres e ao universo feminino, viram fetiche e objeto de
desejo em fantasias sexuais masculinas. Profissionais tais como empregadas
domésticas, enfermeiras, secretárias, babás, comissárias de bordo (quem nunca
folheou uma revista e se deparou com a foto, por exemplo, de uma ‘enfermeira
erótica’?), e até mesmo figuras femininas que não possuem vínculo profissional,
tais como colegiais, lésbicas e noivas são comuns nos cenários de desejo
associados ao exercício da sexualidade masculina. Este tipo de vinculação
erótica às imagens destas mulheres podem ser encontradas através de acessórios
em sex shops e em ensaios fotográficos em revistas masculinas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Entretanto,
importa registrar que tais figuras eróticas podem ser vistas também em espaços
menos especializados, tais como filmes, literatura geral, programas de TV,
propagandas publicitárias, que vendem, falam e transformam as imagens dessas
profissionais em figuras eróticas, sensuais, disponíveis e prontas para todo
tipo de fantasia sexual, explorando uma noção de quanto os homens estariam
sempre à mercê da sedução feminina, ou ainda, e o que mais nos importa neste
momento para problematizar as revistas masculinas: o fato de que estas mulheres
(profissionais ou não) estariam sempre à mercê dos desejos e fantasias
masculinas. Segundo Weeks (2001), do ponto de vista histórico, são os homens
que têm decidido e definido o que é necessário e desejável, sobretudo com
relação à sexualidade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A partir deste
diferencial de poder, constituído por uma espécie de ‘supremacia sexual
masculina’, é que, ao abordar a questão da sexualidade, temos na cultura, a
construção de um ‘olhar masculino’, ou seja, um olhar bastante controverso que
objetifica (ou seja, transforma em objeto) e fetichiza as imagens das mulheres
como uma espécie de ‘sintoma’ e ‘mito’ da fantasia masculina, travestido de
naturalidade, de uma possível ‘essência’ sexual masculina. É necessário
perguntar se é este mesmo “olhar masculino” que objetifica e fetichiza as
imagens das mulheres, com sua supremacia em nossa cultura, também não tem
erotizado as imagens das crianças, especialmente as meninas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Da mesma maneira
que questionamos aqui os olhares masculinos lançados às mulheres e seus corpos,
podemos nos perguntar se os olhares contraditórios que lançamos às meninas e
garotinhas como pequenas sedutoras (WALKERDINE, 1999), em programas e
propagandas da TV não são também os olhares masculinos. Cabe então perguntar:
será que tais olhares sugerem uma disponibilidade dos corpos infantis,
sobretudo dos corpos infantis femininos aos desejos adultos masculinos?<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A demanda para que
as mulheres adultas se vistam como meninas, enfatizando dessa maneira, uma
imagem de sedução e ingenuidade atrelada a uma possível disponibilidade da
‘falsa criança’; da ‘falsa menina’ para o sexo, não seria uma demanda para a
sedução, conquista e consumo masculino em nossa sociedade? Através das revistas
masculinas, especialmente a revista Sexy, é que pergunto, se as fantasias
adultas sobre as crianças em nossa cultura, não por acaso, são também as
fantasias adultas masculinas de sexo e poder.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[...] fantasias
adultas sobre crianças e a erotização das meninas pequenas não é um problema
que diz respeito a uma minoria de pervertidos da qual o público em geral
deveria ser protegido. Trata-se de fantasias disseminadas na cultura, as quais
são também contrapostas, de forma igualmente vigorosa, por outras práticas
culturais, sob a forma de práticas de bem-estar psico-pedagógicas e sociais que
incorporam discursos da inocência infantil (WALKERDINE, 1999, p.84-5).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Para finalizar,
importa apontar para o fato de que tais fantasias adultas, que busco argumentar
através deste trabalho, são fantasias adultas masculinas, e não dizem respeito
a um grupo de ‘pervertidos’. É preciso que isso fique muito claro. Tal como a
autora acima apontou, estas fantasias são disseminadas na cultura, num espaço
altamente disputado de significados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Além disso, cabe
ressaltar que a relação entre sexualidade masculina e o encantamento pela
juventude, bem como seu poder especialmente libidinoso e sedutor não é algo
exclusivo dos nossos tempos ou dos artefatos culturais. Na Ásia existe um mito
chinês que acredita que o sexo com uma virgem incrementa o trabalho e o poder,
além de tal crença ser também comum na África (LANDINI, 2000). Na Europa existe
também uma crença bastante comum de que ao deflorarem uma virgem, os homens
conseguiriam se curar de doenças infecciosas e sexualmente transmissíveis
(TATE, 1999). Santos et al (2004) apontam que “o desvirginamento de uma mulher
é ‘prato’ altamente cobiçado e sua conquista é generosamente celebrada no mundo
da auto-afirmação da masculinidade” (p.42) e que, o sexo com crianças e
adolescentes é uma das preferências sexuais apreciadas basicamente por dois
motivos: o primeiro seria o fato de que as jovens possuem vaginas e ânus
apertados, o que tornaria o sexo mais prazeroso, e, em segundo lugar, pela
“satisfação simbólica de manter o vigor sexual da juventude, perdido na
maturidade e na velhice, ou pelo desejo de se eternizar num corpo jovem” (op.
cit.).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Referências
Bibliográficas<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">ARILHA, Margareth;
RIDENTI, Sandra G.; MEDRADO, Benedito (orgs). Homens e Masculinidades: outras
palavras. São Paulo: Ecos/Editora 34, 1998.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">BOURDIEU, Pierre.
A dominação masculina. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p.
133-84, jul.-dez. 1995.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">BUJES, Maria
Isabel Edelweiss. Discursos, Infância e Escolarização: caminhos que se cruzam.
In: SILVEIRA, Rosa Maria Hessel (org). Cultura, Poder e Educação: um debate
sobre Estudos Culturais em Educação. Canoas: Editora Ulbra, 2005.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">CONNELL, Robert W.
Políticas da Masculinidade. Educação e Realidade. Porto Alegre, vol. 20, n. 2,
p.185-206, jul.-dez. 1995.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">COSTA, Valmir da.
Mulher Nova, Mulher Sexy: a mulher que não existe. SINPRO CULTURA, Sindicato
dos Professores de Campinas e Região. Campinas: Edições de Maio, 1995.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">FALCONNET,
Georges; LEFAUCHEUR, Nadine. A fabricação dos machos. 2.ed. Rio de Janeiro:
Zahar Editor, 1977.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">FELIPE, Jane.
Erotização dos corpos infantis. In: LOURO, Guacira Lopes; FELIPE, Jane;
GOELLNER, Silvana Vilodre. Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo
na educação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2005a<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">FELIPE, Jane.
‘Pedofilização’ como prática social contemporânea: uma análise cultural a
partir dos Estudos de Gênero. Porto Alegre: UFRGS, 2005b. Projeto de Pesquisa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">FELIPE, Jane;
GUIZZO, Bianca Salazar. Discutindo a ‘pedofilização’ da sociedade e o consumo dos
corpos infantis. Anais do XIV Congresso de Leitura do Brasil. Campinas: Editora
da Unicamp, 2003 (CD-ROM).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">KELLNER, Douglas.
Lendo imagens criticamente: em direção a uma pedagogia pós-moderna. In: SILVA,
Tomaz Tadeu da (org). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos
culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">LANDINI, Tatiana.
Pornografia Infantil na Internet: proliferação e visibilidade. São Paulo: USP,
2000. Dissertação (Mestrado em Sociologia), Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2000.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">LOURO, Guacira
Lopes. Pedagogias da Sexualidade. In: ______. (org). O Corpo Educado:
pedagogias da sexualidade. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">MEYER, Dagmar.
Gênero e Educação: teoria e política. In: LOURO, Guacira Lopes; FELIPE, Jane;
GOELLNER, Silvana Vilodre. Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo
na educação. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2005.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">MONTEIRO, Marko.
Tenham Piedade dos Homens! Masculinidades em Mudança. Juiz de Fora: FEME,
2000a.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">OLIVEIRA, Pedro
Paulo de. A Construção Social da Masculinidade. Belo Horizonte: Editora UFMG;
Rio de Janeiro: IUPERJ, 2004.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">SEFFNER, Fernando.
Derivas da Masculinidade: representação, identidade e diferença no âmbito da
masculinidade bissexual. Porto Alegre: UFRGS, 2003. Tese (Doutorado em
Educação), Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2003.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">SILVA, Tomaz Tadeu
da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2003.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">WALKERDINE,
Valerie. A cultura popular e a erotização das garotinhas. Educação e Realidade,
24 (2), julho/dezembro, 1999. 75-88.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">WEEKS, Jeffrey. O
Corpo e a Sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (org). O Corpo Educado:
pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><a href="" name="_ftn1"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftnref1" title=""><span style="font-size: 13.5pt;">[1]</span></a><span class="apple-converted-space"><span style="font-size: 13.5pt;"> </span></span><span style="font-size: 13.5pt;">Este trabalho está em andamento sob
orientação da Profª Drª Jane Felipe.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><a href="" name="_ftn2"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftnref2" title=""><span style="font-size: 13.5pt;">[2]</span></a><span class="apple-converted-space"><span style="font-size: 13.5pt;"> </span></span><span style="font-size: 13.5pt;">A título de exemplo, existem os mais
diversos nomes que buscam explicitar as alternativas possíveis para o ‘novo
homem’: ‘metrosexual’, ‘übersexual’, ‘gay na medida’, ‘emo-boy’, ‘new bloke’,
‘metrogay’, ‘novo machão’, entre outros. Esse tipo de lista está sempre em
jornais, revistas e sites da internet.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><a href="" name="_ftn3"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftnref3" title=""><span style="font-size: 13.5pt;">[3]</span></a><span class="apple-converted-space"><span style="font-size: 13.5pt;"> </span></span><span style="font-size: 13.5pt;">Segundo Felipe (2006) “a primeira
organização no mundo dedicada a combater maus-tratos na infância foi a New
Society for the Prevention of Cruelty to Children – NYSPCC (Sociedade de
Prevenção da Crueldade contra Crianças de Nova York), criada em 1894. Em 1977
foi criada a primeira organização internacional dedicada a combater e prevenir
os maus-tratos na infância: a International Society for the Prevention of Child
Abuse and Neglect – ISPCAN (Sociedade Internacional para a Prevenção de Abusos
e Abandono de Crianças. Já no Brasil, a primeira agência criada para esse fim
foi provavelmente o Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância –
CRAMI, de Campinas, SP, em 1985. Em 1988 foram criadas outras agências no ABC
Paulista e São José do Rio Preto. Nesse mesmo ano foi criada a ABRAPIA –
Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência.
(FELIPE, ‘Afinal, quem é mesmo pedófilo?’ No prelo).<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><a href="" name="_ftn4"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=32458530#_ftnref4" title=""><span style="font-size: 13.5pt;">[4]</span></a><span class="apple-converted-space"><span style="font-size: 13.5pt;"> </span></span></span><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Para as campanhas do Natal/2005, uma
grande loja de departamentos exibiu uma propaganda onde uma garotinha ensinava
o Papai Noel a desfilar, a ter ‘estilo’ e ‘personalidade’. Aliás, a garotinha
não somente ensinava, mas ‘mandava’ o Papai Noel murchar ‘o barrigão’.</span><o:p></o:p></span></div>Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9202372100103432487.post-345431200691760492012-04-06T10:38:00.001-07:002012-04-06T10:41:06.131-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">Sexismo,
homofobia e misoginia na produção de identidades de gênero e sexuais<span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">Patrícia Abel Balestrin<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">Não se pode pensar na construção das identidades
de gênero sem aprofundar um debate emergente sobre alguns fenômenos que a mim
chamam muita atenção: o sexismo e a homofobia a que Cecchetto e Kimmel se
referem como “dois elementos constitutivos na construção social de
masculinidades”, onde eu incluiria um terceiro elemento, a misoginia, além de
acrescentar que estes elementos constituem também as feminilidades, já que as
identidades se constituem em relação à diferença e não isoladamente. Haveria um
fenômeno que fosse constitutivo da masculinidade que não fosse, em alguma
medida, também constitutivo da feminilidade em questão?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">“Sexismo se define como um conjunto de todos e
cada um dos métodos empregados no seio do patriarcado para poder manter em
situação de inferioridade, subordinação e exploração o sexo dominado: o
feminino.” (Núbia Varela, 2005) Misoginia é a manifestação de ódio dos homens
em relação às mulheres, assim como a homofobia é a manifestação contra os
homossexuais (grosso modo!). Penso que esses fenômenos não acontecem de forma
isolada e estão contribuindo para que determinadas masculinidades e
feminilidades sejam construídas a partir de relações agressivas. As identidades
de gênero são também efeitos dessas estratégias que se dão em meio a relações
de poder que pretendem definir a diferença e marcar os sujeitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">Talvez pudéssemos problematizar um pouco esses
conceitos que acredito terem sido formulados em meio à teoria do patriarcado,
que vem sendo “superada” por outras formas de entender e significar tais
discursos, desconstruindo essencialismos e fundacionalismos.Será que não
poderíamos pensar nestes conceitos como sendo uma via de mão dupla e não uma
via de mão única? Ou até mesmo uma via de múltiplas mãos??? Ou seja, pensar o
sexismo como uma manifestação que pode ser tanto de homens em relação às
mulheres, como de mulheres em relação aos homens? E pensar a homofobia como
sendo manifestações discriminatórias que podem ocorrer até mesmo dentro dos
movimentos gays e lésbicos, ou seja, podendo ocorrer entre os/as próprios/as
homossexuais e até mesmo numa possível “heterofobia” (discriminação de
homossexuais em relação aos/às heterossexuais)??? Além de ampliar o conceito de
misoginia como uma prática que também pode se dar entre as mulheres, como algumas
feministas do movimento lésbico têm se referido a uma possível misoginia
lésbica?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">Pensar nessas possíveis inversões de conceitos
e/ou ampliações dos mesmos não significa negar que, o tempo todo, esses
fenômenos estão se constituindo em meio a relações de poder, onde hierarquias e
assimetrias estão inevitavelmente presentes; por isso tais fenômenos podem
existir nestas outras vias que estou sugerindo, porém com menos força, talvez,
do que aqueles inicialmente formulados. Por exemplo, a homofobia tem se constituído
numa prática que se instala a partir de uma norma muito poderosa, capaz até
mesmo de passar despercebida e tornar-se inquestionável: trata-se da
heteronormatividade que, através de mecanismos diversos, se encarrega de fazer
com que a heterossexualidade seja compulsória, desejada e mais valorada do que
qualquer outra identidade sexual. Portanto, ainda que possa existir uma espécie
de “heterofobia”, o que percebemos em nossa cultura é que o fenômeno da
homofobia tem tido mais força para se instalar e se manter do que a
“heterofobia” que estaria na contramão daquela norma!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">A cada vez que nos referimos ao patriarcado ou à
posição de subordinação de mulheres em relação aos homens e dos/as homossexuais
em relação aos/às heterossexuais em nossa sociedade, não estaríamos
privilegiando determinadas práticas e até mesmo reforçando discursos que em
nada ou pouco contribuem para transformar tais relações?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">Tenho pensado muito nos efeitos que nossas
pesquisas podem ter. A escolha de determinados conceitos em detrimento de
outros e o uso que fazemos deles podem estar suscitando outras formas de se
relacionar com tais temáticas, como também podem reafirmar justamente aquilo
que, de alguma forma, desejávamos combater.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;"><a href="http://entreumparadoxoeoutro.blogspot.com/">http://entreumparadoxoeoutro.blogspot.com</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">(Porto Alegre, 26 de dezembro de 2005)<span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9202372100103432487.post-29345073096355050602012-04-06T10:32:00.002-07:002012-04-06T10:41:55.144-07:00Educação Sexual na Escola<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<div class="MsoNormal">
<strong><span style="background: white; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Objetivos
da disciplina:<o:p></o:p></span></strong></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />
<strong><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-weight: normal;">- discutir o
conceito de gênero e sua articulação com a sexualidade;</span></strong><span class="apple-converted-space"><b><span style="background: white;"> </span></b></span><b><br />
</b><strong><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-weight: normal;">- analisar de
que forma as relações de gênero e sexualidade vêm sendo construídas no âmbito
das sociedades ocidentais, em diferentes tempos históricos;</span></strong><b><br />
</b><strong><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-weight: normal;">- problematizar
como a escola e seus profissionais manejam as questões em torno da sexualidade;</span></strong><b><br />
</b><strong><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-weight: normal;">- discutir o
papel da mídia na construção das subjetividades e identidades de gênero e
sexuais.<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Conteúdos da disciplina</span></strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">I - Sexualidade e
gênero: algumas questões conceituais e políticas</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Pós-estruturalismo</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Construcionismo
social</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Pedagogias
Culturais</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Construção das
identidades de gênero: masculinidades e feminilidades</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Construção das
identidades sexuais: heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- homofobia e
misoginia</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
<br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">II - O corpo tem uma
história</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- teoria unissexual</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- normatização e
controle dos corpos: Foucault e a história da sexualidade</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- corpo como projeto:
corpos depreciados, corpos camaleônicos</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- corpo outdoor,
corpo performance</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">III - Novas
discussões em torno da sexualidade</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- História do
amor-paixão romântico</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Maternidade,
aborto, paternidade</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Práticas de risco e
políticas de prevenção</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Violência/abuso
sexual</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Pedofilia</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- ‘Pedofilização’
como prática social contemporânea</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">prostituição</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Teoria</span></strong><span class="apple-converted-space"><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> </span></b></span><strong><i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">Queer</span></i></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">IV - Trabalhando
gênero e sexualidade no contexto escolar:</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Infância</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Adolescência</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Idade adulta</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">- Possibilidades de
se trabalhar gênero e sexualidade nas disciplinas: português, literatura,
geografia, história, matemática, educação física, ciências, biologia, artes,
química e física.</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<strong><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Bibliografia básica (*** textos de
leitura obrigatória)</span></strong><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***BRITZMANN,
Déborah. O que é essa coisa chamada amor. Identidade homossexual, educação e
currículo. In: Educação & Realidade, vol 21 (1), jan-jul de 1996.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***CAMARA, Adriane. Masculinidade heterossexual e pedofilização: o
universo infantil como recurso erótico em revistas masculinas.<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://discutindosexualidades.blogspot.com/">http://discutindosexualidades.blogspot.com/</a><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***COUTO, Edvaldo. Corpos modificados: o saudável e o doente na
cibercultura. In: LOURO, G; FELIPE, J.; GOELLNER, S. Corpo, gênero e
sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 2ª. Ed. Petrópolis: Vozes,
2005. p. 172-186.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***DIAS, Luis Felipe M.; VIEIRA, Naiara C.; SANTOS, Luis Henrique
S. Barebacking: risco x prazer? Um novo desafio para a educação em saúde.
Revista de Iniciação Científica / Universidade Luterana do Brasil – vol. I, n.
1 (2002) – Canoas: Ed. ULBRA, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***FELIPE, Jane. Afinal, quem é mesmo pedófilo? Cadernos Pagu
(26), Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/UNICAMP, 2006, pp. 201-223.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***___. Erotização dos corpos infantis. In: LOURO, Guacira;
FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana (org.). Corpo, gênero, sexualidade: um debate
contemporâneo na educação. 2ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***___. Do amor (ou de como glamourizar a vida).<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://discutindosexualidades.blogspot.com/">http://discutindosexualidades.blogspot.com/</a><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">****FELIPE, Jane; BALESTRIN, Patrícia; QUINCOSES, Aline. Pensar a
maternidade: entre a glorificação e o aprisionamento<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://discutindosexualidades.blogspot.com/">http://discutindosexualidades.blogspot.com/</a><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber.
Rio de Janeiro: Graal, 1980.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">FURLANI, Jimena. Mitos e tabus da sexualidade humana. Belo
Horizonte: Autêntica, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">___. “O bicho vai pegar”: um olhar pós-estruturalista à educação
sexual a partir do livro paradidático infantil. PPGEDU/FACED/UFRGS (Tese de
doutorado), 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">MEYER, Dagmar; SOARES, Rosângela (orgs). Corpo, Gênero e
sexualidade. Porto Alegre: Mediação, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">LOURO, Guacira; FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana (org.). Corpo,
gênero, sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 2ª. Ed. Petrópolis:
Vozes, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***LOURO, Guacira. Corpo, escola e identidade. Educação &
Realidade 25(2):59-76. jul/dez 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">___. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva
pós-estruturalista. Vozes: 1997. (especialmente o capítulo 1)<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">___. Um corpo estranho – ensaios sobre sexualidade e teoria queer.
Belo Horizonte: Autêntica, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">LOURO, Guacira. Segredos e mentiras do currículo. Sexualidade e
gênero nas práticas escolares. In: SILVA, L. H. (org.). A escola no contexto da
globalização. Petrópolis: Vozes, 1998. P. 33-47.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***___. Teoria Queer – uma política pós-identitária para a
educação. In: Estudos Feministas, vol 9 (2), 2001. p. 541-553.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">SANT’ANNA, Denise. Descobrir o corpo: uma história sem fim. Porto
Alegre: Educação & Realidade 25(2):49-58, jul./dez. 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">***SEFFNER, Fernando. Sexo e amor, giz e apagador: a educação
afetivo-sexual na escola. AMAE educando, abril, 2001, nº 298. p. 43-45.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da
diferença. IN: SILVA, Tomaz T. (org.). Identidade e diferença. Petrópolis:
Vozes, 2000. (p. 71-102)<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira (org).
O corpo educado. Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Bibliografia
complementar<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">FELIPE, Jane. “Cachorras”, “tigrões” e outros “bichos”:
problematizando gênero e sexualidade no contexto escolar. Revista Fazendo
Escola, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">___. Entre tias e tiazinhas: Pedagogias Culturais em circulação.
In: SILVA, L. H. (org.). Século XXI: Qual conhecimento, qual currículo?
Petrópolis: Vozes, 1999.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">___. Sexualidade, gênero e novas configurações familiares: algumas
implicações para a educação infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. (org.).
Educação Infantil: p’ra que te quero? Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">___. Sexualidade nos livros infantis: relações de gênero e outras
implicações. In: Meyer, Dagmar (org.). Saúde e sexualidade na escola. Porto
Alegre: Mediação, 1998. p 111-124.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos à
Freud. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">STEINBERG, Shirley. Kindercultura: a construção da infância pelas
grandes corporações. In: SILVA, L. H. e outros (org.). Identidade social e a
construção do conhecimento. Porto Alegre: PMPA, 1997. P. 98-145.<o:p></o:p></span></div>
</div>Jane Felipehttp://www.blogger.com/profile/18245324555117956169noreply@blogger.com0